Todo ano, surge a mesma pergunta: quando exatamente ocorrerão os feriados móveis de Carnaval, Páscoa e Corpus Christi? No entanto, em 2025, essa incerteza pode finalmente chegar ao fim com a proposta de fixar uma data para a Páscoa, marcando um marco significativo 1.700 anos após a instituição da celebração da ressurreição de Jesus Cristo.
O Papa Francisco, em novembro de 2022, em uma reunião no Vaticano com o patriarca Mar Awa III, da Igreja Assíria do Oriente, expressou a necessidade de uma data comum para a Páscoa, unificando os cristãos na celebração desta importante festividade. Essa ideia tem sido apoiada por líderes como o patriarca Bartolomeu de Constantinopla e o arcebispo ortodoxo Job Getcha de Telmessos.
A discussão ganha ainda mais relevância diante do contexto geopolítico, com a guerra entre Ucrânia e Rússia, que tem influenciado até mesmo as práticas religiosas, com os ucranianos adotando tradições mais alinhadas com Roma do que com Moscou.
Surpreendentemente, 2025 apresentará uma rara coincidência nos calendários católico e ortodoxo, com a Páscoa sendo celebrada na mesma data, 20 de abril. Isso levanta a possibilidade de um encontro ecumênico em Jerusalém ou Niceia para discutir a unificação da data da Páscoa e, potencialmente, iniciar um processo de reconciliação entre católicos e ortodoxos.
Se a data da Páscoa for fixada, isso terá ramificações significativas no calendário de feriados. O Carnaval e o Corpus Christi, que atualmente dependem da data da Páscoa para sua determinação, também se tornariam “fixos”. O Carnaval é tradicionalmente comemorado 47 dias antes da Páscoa, enquanto o Corpus Christi é celebrado 60 dias após a Páscoa.
Essa mudança teria um impacto prático considerável, simplificando a organização de calendários escolares e a definição de férias e outras atividades civis. Embora a diversidade religiosa seja uma realidade, muitas datas comemorativas no Ocidente têm suas raízes no calendário cristão, o que afeta bilhões de pessoas em todo o mundo.
A discussão sobre a data da Páscoa remonta aos primórdios do cristianismo, com diferentes tradições e práticas se desenvolvendo ao longo dos séculos. O Concílio de Niceia, em 325, desempenhou um papel fundamental ao estabelecer as regras para a celebração da Páscoa, que ainda são seguidas até hoje.
É importante notar que, embora esses feriados tenham origens religiosas, sua determinação agora é responsabilidade das autoridades civis. Os feriados nacionais são estabelecidos por leis específicas, como é o caso da Sexta-Feira Santa.
Assim, a possível fixação da data da Páscoa não apenas unificará uma das festividades mais importantes do cristianismo, mas também terá implicações práticas significativas no calendário e na organização social.
Fonte Estadão