DPE-PR pede ao Google e TikTok a retirada de vídeo que discrimina pessoas com Síndrome de Down

Aly Moultaka
Imagem: Reprodução

Na sexta-feira, 12 de maio, a Defensoria Pública do Paraná notificou o Google e o TikTok para que retirem de suas plataformas um vídeo de um comediante de Portugal que discrimina crianças com Síndrome de Down.

No vídeo, que viralizou, o comediante faz uma “piada” sobre o lançamento, neste ano, de uma edição especial da boneca Barbie que, pela primeira vez, é uma boneca que representa meninas e mulheres com Síndrome de Down; o comediante afirmou que a ideia não seria original porque “os chineses já vendem bonecas com defeito”. 

Ao tomar conhecimento do vídeo, um grupo de 12 famílias de crianças com Síndrome de Down que moram em Curitiba classificou o vídeo como discriminatório e procurou, a sede da Defensoria, no Centro da capital, para pedir assistência jurídica.

Até agora não houve resposta das empresas e caso Google e Tik Tok não respondam, a Defensoria pode pedir na Justiça a retirada do vídeo das plataformas, assim como indenização por danos morais coletivos.

A coordenadora do Núcleo Cível de Curitiba, Camille Vieira da Costa afirmou:

Entendo que é muito importante que as empresas retirem esse vídeo do ar porque ele viola a dignidade das pessoas com Síndrome de Down e fomenta preconceito e a desinformação sobre as pessoas com deficiência. O vídeo coloca essas pessoas em um lugar pejorativo. Uma sociedade mais justa e igualitária não pode compactuar com esse tipo de mensagem”

Defensora Camille Vieira da Costa

De acordo com as informações divulgadas pela Defensoria, nos ofícios enviados às empresas, a Defensora ressalta que o vídeo viola a Constituição Federal, a Convenção Sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão.

A Convenção, autoriza o Estado a tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação baseada em deficiência e cometida por qualquer pessoa, organização ou empresa privada; sobre isso a Defensora explica:

Entendo que muitas pessoas possam achar tal pedido polêmico porque entendem que não pode haver restrição ou uma limitação ao humor. Mas, não só na perspectiva da pessoa com deficiência, mas na do movimento negro, na do movimento de mulheres, a perpetuação de estereótipos e preconceitos passa muito pela ideia de achar que essas práticas são apenas brincadeiras. Não são. É muito importante o combate a esse tipo de atuação para evitar a perpetuação do preconceito e da desinformação”.

Defensora Camille Vieira da Costa

A Defensora ressaltou que o comediante associa a pessoa com trissomia do cromossomo 21 a um ser humano com defeito, expondo esse público a uma situação vexatória e fomentando um estereótipo discriminatório enraizado na sociedade.

Por fim, a Defensora lembrou que essa alteração genética não implica defeito ou redução da condição humana de tais pessoas, mas apenas que elas possuem condições e necessidades específicas para o seu pleno desenvolvimento.

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