Casos de solidão e descaso com idosos emergem depois do caso de Balneário Camboriú, SC

Cleomar Diesel
Resgate a idosa em Balneário Camboriú — Foto: PMBC/Divulgação

O dramático caso de uma idosa resgatada após passar cerca de 10 dias trancada em seu apartamento ao lado do cadáver do filho, ocorrido no último final de semana, em Balneário Camboriú, Litoral Norte de Santa Catarina, lançou luz sobre a solidão e o descaso que muitos idosos vivem em cidades praianas. No entanto, lamentavelmente, essa situação não é uma exceção.

No mesmo edifício onde a idosa de 91 anos foi resgatada no último sábado (21), outra idosa aguarda uma decisão judicial que permita à prefeitura intervir e oferecer apoio. Detalhes adicionais sobre o caso não puderam ser divulgados, devido a questões de segurança e segredo de Justiça.

A triste realidade de Balneário Camboriú não é um fenômeno isolado, mas sim um problema que aflige inúmeras cidades costeiras. Acontece, muitas vezes, que as pessoas adquirem propriedades à beira-mar para desfrutar de férias, mas, com o passar dos anos, após a aposentadoria ou com o envelhecimento, optam por mudar-se definitivamente para essas cidades. Com o tempo, a família deixa de visitar, e muitos idosos se veem sozinhos.

Essas são pessoas em sua maioria de classe média a alta, com boas aposentadorias, mas frequentemente solitárias. Muitos não contam com o apoio de familiares ou até mesmo romperam os laços com parentes. Essa situação leva a inúmeros casos de abuso, diferentes formas de violência e negligência em relação a idosos que vivem nessas cidades costeiras.

Em alguns casos, familiares ou cuidadores tentam explorar a vulnerabilidade desses idosos. No entanto, em situações como a da idosa de 91 anos em Camboriú, que sofre de demência e Alzheimer, a solução foi encontrada com a ajuda dos netos. Ela será encaminhada para uma instituição especializada em cuidados com idosos, uma vez que está sozinha e precisa de cuidados contínuos, incluindo alimentação adequada.

Os filhos da idosa, que residem em Porto Alegre, vieram prestar apoio à avó. Após quase um ano sem contato com a família, os netos explicaram que não tinham um relacionamento próximo com o pai ou a avó, o que os levou a tomar a decisão de transferi-la para uma casa de repouso, onde receberá o apoio necessário.

O filho, que faleceu e foi encontrado em estado de decomposição, sofria de uma grave doença cardíaca, mas recusou tratamento médico por preocupação com a mãe, que dependia exclusivamente dele para cuidados. A tragédia veio à tona quando os vizinhos notaram um odor fétido que se espalhava pelo prédio, levando ao resgate da idosa.

Este caso serve como um lembrete da importância de estar atento aos idosos e de garantir que recebam o apoio necessário, mesmo em situações em que a família não está presente. É um chamado para que as comunidades e autoridades locais trabalhem em conjunto para evitar que outras histórias similares aconteçam.

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