Cheia no Rio Grande do Sul: Guaíba atinge maior nível já registrado

Cleomar Diesel

O Guaíba, um dos principais cartões-postais da capital gaúcha, atingiu um marco histórico nesta sexta-feira (3), ao registrar o maior nível de sua história, alcançando 4,77 metros por volta das 21h. Esta marca superou a cheia histórica de 1941, que havia sido de 4,76 metros, segundo dados da Defesa Civil municipal.

No início da madrugada de sábado (4), a situação se agravou ainda mais, atingindo 4,82 metros por volta de 1h da manhã na medição realizada pela prefeitura no Cais Mauá. Enquanto isso, a medição no Gasômetro apontou um nível de 4,88 metros nos primeiros minutos do dia.

Os estragos causados pelos temporais já contabilizam números alarmantes: 39 mortos, 68 desaparecidos e 74 feridos em todo o estado. A Defesa Civil estima que 32.248 pessoas estão fora de casa, com 8.168 em abrigos e 24.080 desalojadas, buscando refúgio na casa de familiares ou amigos. A tragédia atingiu 235 dos 496 municípios do estado, afetando diretamente 351.639 mil pessoas.

Antes do recorde, o nível do Guaíba registrado era de 4,64 metros, de acordo com a medição da Prefeitura de Porto Alegre. Contudo, problemas técnicos na estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá dificultaram a obtenção de dados precisos.

Enchente atinge a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira, 03 de maio de 2024. — Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

A situação se agravou com o rompimento de uma das comportas do sistema de proteção contra cheias, devido à força das águas. A Defesa Civil emitiu alerta para inundação extrema na área e instou a população a evitar regiões próximas ao Guaíba e áreas de risco.

Diante do cenário crítico, a Defesa Civil do Estado emitiu uma “orientação expressa” para que moradores, comerciantes e trabalhadores evacuassem imediatamente áreas de risco próximas às ruas Siqueira Campos, Sete de Setembro, Rua dos Andradas, avenida Júlio de Castilhos e adjacências. A recomendação é buscar abrigos públicos ou locais seguros para permanecer durante a elevação do nível do rio.

O governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade diante do que classificou como “o maior desastre climático” da história do Rio Grande do Sul. As chuvas persistentes que assolam o estado desde o último fim de semana continuam, com previsão de mais precipitações ao longo do mês, aumentando a preocupação das autoridades e da população.

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