Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, apontou que usar ferramentas de inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, para escrever textos pode provocar custos cognitivos nos usuários e diminuir a capacidade de aprendizado.
O estudo afirma que os resultados levantam preocupações sobre as implicações educacionais de longo prazo da dependência dos Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLMs, na sigla em inglês) e ressaltam a necessidade de uma investigação mais profunda sobre o papel da IA no aprendizado. Os pesquisadores do estudo defendem que mais conhecimento sobre os seus impactos é necessário diante do avanço rápido da IA pelo mundo.
Quem ajuda a entender como a tecnologia pode ajudar ou prejudicar o desenvolvimento de estudantes no cotidiano escolar atual é Talita Dias, professora de Matemática e técnica pedagógica no Núcleo Regional de Educação de Paranaguá. Talita atua no departamento da Programação Paraná, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), que visa a formação de estudantes na área de tecnologia e inovação.
Segundo ela, as ferramentas da IA podem contribuir com o processo educacional, desde que bem utilizadas. “Não podemos e nem devemos condenar ou proibir o uso da IA. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa e inovadora que faz parte do nosso cotidiano, com um potencial imenso para transformar positivamente a educação. Assim como a calculadora não eliminou a necessidade de aprender matemática, e a internet não substitui a pesquisa em livros, a IA pode ser uma aliada valiosa, desde que utilizada com consciência e sabedoria”, avaliou Talita.
“O ponto central reside na forma como a empregamos. Se um estudante utiliza a IA para simplesmente gerar textos sem qualquer envolvimento crítico, reflexão ou pesquisa prévia, de fato, estaremos diante de um cenário preocupante. Nesses casos, o processo de construção do conhecimento é comprometido, pois a mente não é desafiada a formular ideias, organizar pensamentos, desenvolver argumentação ou aprimorar a escrita de forma autônoma”, disse Talita.
Esta forma de uso, de acordo com a professora, pode levar a uma dependência excessiva e, consequentemente, a uma diminuição das habilidades cognitivas essenciais para o aprendizado profundo.
No entanto, quando a IA é vista e utilizada como uma ferramenta complementar ao estudo, a perspectiva muda. “Pode ser usada como recurso para criar um brainstorming de ideias, ajudando a destravar o processo criativo inicial, para organizar informações e grandes volumes de dados, revisão e aprimoramento textual, sugerindo melhorias na clareza, coesão e estilo, pesquisa inicial e exploração de conceitos, facilitando o acesso a informações para posterior aprofundamento”, pontuou Talita.
Desta forma, o desafio e a oportunidade residem em ensinar os alunos a manejar as ferramentas com sabedoria. “Garantindo que ela sirva como um catalisador para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades, e não como um atalho que prejudica o crescimento cognitivo”, frisou Talita.