Um homem que preferiu não se identificar é uma das vítimas de agressões, torturas e cárcere privado que levaram o Ministério Público do Paraná (MP-PR) a abrir uma investigação e denunciar três pessoas.
Pelo menos 16 vítimas são listadas no processo — entre elas idosos e adolescentes.
Por conta de agressões no rosto, o paciente chegou a perder o aparelho odontológico que usava. Ele também contou que era sedado e submetido a banhos gelados em caso de “desobediência”.
Felipe Dala Dea Pagano, interno que fazia serviços de rotina no centro terapêutico Líber, Narciso Possebon dos Santos e Pablo Fernandes, funcionários da clínica, vão responder pelos crimes de associação criminosa, cárcere privado, tortura, redução à condição análoga à de escravo e retenção de documentos pessoais.
No caso da vítima, o preço cobrado pelo tratamento esperado era de R$ 2 mil por mês, custeado pela família.
Em nota, o advogado da clínica e dos três homens réus no processo afirmou que eles estão à disposição da Justiça para esclarecimentos dos fatos e para demonstrar a verdade. Disse, ainda, que os proprietários do estabelecimento não foram indiciados e que vão se manifestar quando forem intimados.
A Vigilância Sanitária determinou a interdição do estabelecimento.
As investigações começaram após relatos de internos e testemunhas. Para o MP-PR, os três homens mantiveram os pacientes “em condições de grave sofrimento físico e moral”.
Conforme relatos, algumas vítimas chegavam a ser sedadas e trancadas em quartos separados. Pacientes também eram obrigados a realizar serviços de limpeza e higiene da clínica, inclusive de necessidades fisiológicas feitas nos quartos e corredores por outras vítimas.
O caso foi registrado em abril deste ano, no balneário de Pontal do Sul.
De acordo com a denúncia, os réus cometiam os crimes como forma de punição por supostas desobediências dos internos. Entre as ações consideradas de “mau comportamento” estavam tentativa de fuga do local e de denúncias à família.
Fonte RPC