Vereador André Montemezzo é alvo de representação por quebra de decoro e queixa-crime após morte de jovem em Guaratuba

Marcello Fuja Loko
Foto: Reprodução redes sociais


Guaratuba (PR) — Nesta quarta-feira, 21 de maio, o advogado Piero Madalozzo, que representa a família do jovem Cristhian Amaral de Oliveira, concedeu entrevista ao Jornal da Litorânea, da Rádio Litorânea 91.5 FM. Durante a conversa, ele explicou as medidas judiciais e administrativas já adotadas contra o vereador André Montemezzo, apontado pela família por crimes contra a honra.

Madalozzo confirmou que foi protocolada na última segunda-feira, dia 19, uma representação na Câmara Municipal de Guaratuba pedindo a cassação do mandato do vereador por quebra de decoro parlamentar. Segundo ele, o comportamento de Montemezzo ultrapassou os limites éticos exigidos para o exercício do cargo público.

“O parlamentar deve, sim, agir com decoro não somente no plenário da Câmara, mas em todo o município. A conduta do vereador precisa seguir padrões éticos mínimos”, declarou Madalozzo.

O processo agora seguirá os trâmites legais previstos no regimento interno da Câmara e na legislação ordinária, sendo fiscalizado de perto pela equipe jurídica da família. O advogado também reforçou que qualquer cidadão tem o direito de acompanhar e cobrar providências das autoridades competentes.

Paralelamente, também foi protocolada uma queixa-crime no Poder Judiciário de Guaratuba, na terça-feira, dia 20, por crimes contra a honra de Josiane Amaral de Souza, mãe do jovem falecido. A ação visa responsabilizar o vereador pelas ofensas e declarações que, segundo a família, causaram danos morais.

“A conduta é a mesma, mas as consequências são distintas: uma no âmbito legislativo, outra no criminal, e ainda avaliamos uma possível ação cível por danos morais.”

O advogado explicou que a possibilidade de ação indenizatória também está sendo analisada com base em critérios estritamente técnicos, afastando qualquer motivação política ou partidária.

“Estamos tratando de fatos objetivos, de comportamentos concretos que geraram consequências legais e precisam ser levados às instâncias competentes: a Câmara para o decoro, o Judiciário para os crimes contra a honra.”

Ao final da entrevista, Piero Madalozzo destacou a importância da informação responsável para que a população compreenda o que está acontecendo:

“A desinformação é perigosa. Se não forem canais como a Rádio Litorânea, que dão voz aos fatos reais, muitas vezes a verdade é sufocada.”

A equipe jurídica da família seguirá acompanhando cada etapa dos processos e se comprometeu a manter a comunidade atualizada sobre os próximos desdobramentos.

Relembre o caso: advogado da família denuncia omissão, ameaça política e cobra justiça em entrevista na Litorânea FM após morte de jovem por falta de socorro no litoral do Paraná
A morte por falta de socorro do jovem Cristhian Amaral de Oliveira, de 23 anos, morador da Avenida Ivaí, no bairro Piçarras, em Guaratuba, provocou forte comoção popular e abriu uma grave crise no sistema de saúde e na política local. Cristhian morreu sem receber atendimento médico após uma sequência de falhas no socorro de emergência, expondo um cenário de omissão, negligência e abandono.

O caso, que já está sendo investigado pela Polícia Civil, trouxe à tona denúncias não apenas contra o serviço de saúde municipal, mas também de pressões políticas sofridas pela mãe do jovem, Josiane Amaral de Souza, que criou Cristhian desde pequeno como seu filho.

Na manhã da última terça-feira (13), o advogado da família, Piero Madalozzo, esteve nos estúdios da Rádio Litorânea FM, em entrevista ao comunicador Marcello “Fuja Loko”. Emocionado, Madalozzo relatou o drama vivido por Josiane, que presenciou a morte do filho sem conseguir qualquer apoio imediato.

“Josiane tentou desesperadamente contato pelo 192, mas as ligações não foram atendidas. Ao correr até o pronto-socorro municipal, encontrou duas ambulâncias paradas, com profissionais no local, mas sem qualquer movimentação para salvar seu filho. É revoltante. Um descaso que custou uma vida”, afirmou o advogado.

O registro policial já foi feito, e as investigações buscam identificar responsabilidades. Segundo Madalozzo, a situação é ainda mais grave por envolver possíveis ameaças políticas.

“Durante o velório do Cristhian, a família foi abordada pelo vereador André Montemezzo, que alertou Josiane para ‘ter cuidado com postagens em redes sociais’. Isso não apenas é uma afronta ao direito de expressão, mas também uma tentativa de silenciar uma mãe em luto”, destacou.

De acordo com o advogado, a situação se agravou durante o sepultamento, quando Josiane recebeu uma ligação do vereador, em tom agressivo e desrespeitoso.

“Foi uma ligação ofensiva em pleno momento do sepultamento. Depois, tentaram insinuar que o não atendimento teria sido por questões políticas, já que Josiane não apoiou o grupo político do vereador nas últimas eleições. Isso é covardia”, denunciou.

A crise também atingiu o setor administrativo da saúde. Durante sessão na Câmara Municipal, a vereadora Adriana Fontes revelou que já existe verba disponível para a compra de uma nova ambulância, mas a licitação sequer foi iniciada.

“É brincar com a vida das pessoas. Já estamos há seis meses de gestão, e nada foi feito”, lamentou Madalozzo.

Para o advogado, o episódio escancara não apenas falhas técnicas, mas uma crise de gestão pública e política no município.

“O povo está à mercê de disputas políticas mesquinhas enquanto vidas são perdidas. A Câmara fez um afastamento simbólico do vereador André Montemezzo da liderança do governo, mas isso é muito pouco diante da gravidade dos fatos. Foi um puxão de orelha que não respeita a dor de uma mãe e de toda a população”, criticou.

Josiane Amaral de Souza, em meio à dor pela perda irreparável, reforça que lutará por justiça até o fim.

“Não aceito que tentem calar minha voz ou transformar a morte do meu filho em briga política. Meu filho era um ser humano, não bandeira eleitoral. Quero justiça, para que nenhuma outra mãe passe pelo que estou passando”, desabafou.

A população acompanha o caso com revolta e indignação, cobrando respostas urgentes e ações concretas para que tragédias como essa não voltem a acontecer em Guaratuba.

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