US$ 2,5 bilhões em risco: análise do impacto da tarifa americana sobre o Paraná

Fernando Carrer
Fonte: O Paranaense

A relação comercial entre o Paraná e os Estados Unidos, um dos principais destinos dos produtos paranaenses, movimenta bilhões de dólares anualmente e sustenta milhares de empregos no estado. De acordo com dados recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as vendas para o mercado norte-americano ultrapassaram a marca de US$ 2,5 bilhões em 2024.

Um levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), com base nesses números, mostra que a pauta é diversificada, liderada por madeira e seus derivados (compensados e móveis), material de transporte (autopeças) e carnes (principalmente frango e processados).

Análise de impacto: o que uma tarifa de 50% causaria?

Uma sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, como a ameaçada em cenários de guerra comercial, teria um impacto devastador e imediato na balança comercial do Paraná. Produtos que hoje são competitivos se tornariam inviáveis da noite para o dia. Segundo analistas de comércio exterior consultados pela reportagem, o primeiro impacto seria a perda imediata de competitividade.

No setor de madeira e móveis, por exemplo, o preço final para o consumidor americano praticamente dobraria, abrindo espaço para concorrentes como Canadá, Vietnã e produtores locais. Na indústria automotiva, que opera com cadeias de produção integradas e margens justas, uma tarifa dessa magnitude simplesmente quebraria os contratos de fornecimento, forçando montadoras americanas a buscar peças no México ou na Ásia.

O impacto de uma barreira tarifária dessa magnitude não se restringiria aos exportadores. Ele se espalharia por toda a economia paranaense em um efeito cascata. A redução drástica nas exportações para um mercado tão importante levaria à diminuição da produção industrial e, consequentemente, à perda de milhares de empregos diretos em polos como o de Curitiba, no setor automotivo, e o do Sudoeste, no setor de móveis. Haveria também uma queda significativa na arrecadação de impostos, como o ICMS, afetando os recursos do Estado para investimentos em saúde, educação e segurança.

Nem mesmo o robusto agronegócio paranaense sairia ileso. Conforme projeções da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), um aumento de 50% no preço final da carne de frango e da tilápia, onde o estado é líder, afastaria grandes compradores do varejo e de redes de restaurantes americanas.

Especialistas do setor são unânimes em afirmar que um cenário de instabilidade como este reforça a necessidade estratégica de o Paraná acelerar a diversificação de seus mercados de exportação, fortalecendo laços comerciais com a Ásia, Oriente Médio e outros países da América Latina para mitigar os riscos de uma dependência excessiva do mercado norte-americano.

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