O noticiário está repleto de casos relacionados à morte decorrente de um problema de saúde que tem se tornado comum: o mal súbito. Recentemente o jogador do Clube Nacional do Uruguai, o zagueiro de apenas 27 anos, Juan Izquierdo, morreu vítima desse problema, após desmaiar durante uma partida contra o São Paulo.
No hospital, foi diagnosticado com arritmia cardíaca, que resultou em quadro neurológico crítico. Sua morte cerebral foi confirmada no dia 27 de agosto. No último dia 4, em Paranaguá, mais um caso. O estudante João Vitor Barbosa, de 17 anos, morreu após desmaiar no colégio José Bonifácio, em que estudava.
MOTIVO – Mas o que acarreta o mal súbito? De acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac), cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil sofrem de arritmias cardíacas, sendo que ocorrem, aproximadamente, 320 mortes súbitas anualmente.
As arritmias são um conjunto de transtornos que podem alterar o ritmo normal do coração, como a taquicardia, que ocorre quando o coração bate rápido demais, e a bradicardia, que se caracteriza por batimentos lentos e descompassados.
A Sobrac alerta que todas as arritmias merecem atenção, mas nem todas são graves. A fibrilação atrial é o tipo mais prevalente e requer mais cuidados, pois apresenta um ritmo cardíaco muito rápido e irregular.
TRATAMENTO – O presidente da Sobrac, o cardiologista Alexsandro Fagundes, explica que, na maioria dos casos, não há necessidade de tratamento e nem danos significativos. No entanto, é essencial realizar check-ups para avaliação cardiovascular. Uma consulta detalhada, acompanhada de um eletrocardiograma, é geralmente suficiente para o diagnóstico.
As arritmias podem ser congênitas, ou seja, a pessoa nasce com o problema, ou adquiridas. Elas podem ser sequelas da Doença de Chagas Crônica (uma infecção transmitida pelo inseto conhecido como barbeiro), consequências de Covid-19 ou de miocardite (uma inflamação do músculo cardíaco, o miocárdio), por exemplo.
Os sintomas mais comuns incluem palpitações, dor no peito, tontura, falta de ar e desmaios. Contudo, em muitas situações, as arritmias não apresentam sinais de alerta. Por isso, consultas regulares com um cardiologista de confiança e exames de rotina são fundamentais para esclarecer dúvidas e indicar tratamentos adequados.
AVALIAÇÃO – A avaliação individualizada é essencial para determinar a melhor conduta a ser seguida. Dependendo do caso, o tratamento pode ser medicamentoso, cirúrgico, por meio de ablação por cateter, ou, em situações mais críticas, ser indicado o implante de um marca-passo ou de um desfibrilador.
Embora muitas arritmias cardíacas sejam congênitas, é possível adotar comportamentos saudáveis para prevenir o problema. Entre as medidas recomendadas para manter ou melhorar a saúde, destaca-se a prática regular de exercícios.
O cardiologista do Hospital Novaclínica, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, Eduardo Ferreira Lourenço, detalha o mal súbito.
Lourenço foi chefe da emergência do Hospital de Clínicas do Paraná, que pertence à UFPR, e coordenou a implantação do Sistema de Urgência e Emergência na cidade de São José dos Pinhais.
Mas como se vê pelo noticiário, não são apenas pessoas mais velhas que têm mal súbito. Isso acontece, com frequência, com pessoas bem mais jovens também. Mas por que isso ocorre? O médico explica:
Lourenço ressalta que a prevenção é sempre a melhor alternativa, de prevenção ao mal súbito, tanto para jovens, quanto para pessoas idosas.
O uso constante de cigarro, álcool e drogas aumenta muito as chances da ocorrência de mal súbito.
O médico ainda ressalta que, antes de iniciar qualquer atividade física, é fundamental consultar um cardiologista para assegurar que a pessoa está apta à prática.
Outras recomendações de hábitos saudáveis incluem:
– Não fumar;
– Manter uma dieta com baixo teor de sal, gordura saturada e açúcar;
– Manter o peso adequado à altura;
– Controlar a pressão arterial e o colesterol;
– Evitar o diabetes;
– Ter uma boa rotina de sono.