Riqueza Pré-Histórica sob ameaça: Sambaquis do litoral do Paraná

Cleomar Diesel
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Os sambaquis, vestígios fascinantes das populações que habitaram o litoral do estado há até 10 mil anos, estão enfrentando uma ameaça crescente de desaparecimento devido à falta de fiscalização. Esses montes de conchas, ossos humanos, animais e instrumentos representam uma parte importante da história pré-colonial do Brasil, mas estão em risco devido à ação do homem e da natureza.

Boa parte dos sambaquis era utilizada como cemitério, onde é possível encontrar ossadas humanas e animais usados em rituais de sepultamento. Alguns desses sítios arqueológicos também serviam como locais de habitação para os povos pré-históricos, que se alimentavam principalmente de vegetais, peixes e animais, embora a presença de conchas nos sambaquis sugira uma dieta de alta toxicidade.

Recentemente, uma pesquisa liderada por Jéssica Mendes Cardoso lançou nova luz sobre a história dos sambaquieiros, os povos que construíram esses sambaquis, e sua relação com os povos Jê, oriundos do interior do país. Os resultados sugerem uma interação mais complexa entre esses grupos do que se pensava anteriormente.

A pesquisa, parte do doutorado de Jéssica na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade de Toulouse, na França, analisou dados do sítio arqueológico Galheta IV,em Santa Catarina, revelando uma interação entre os sambaquieiros e os povos Jê, ao invés de uma substituição total como se acreditava anteriormente.

Essa descoberta desafia conceitos antigos e sugere que o desaparecimento dos sambaquieiros não ocorreu por uma migração ou invasão dos Jê, mas sim por uma incorporação de características culturais dos povos do interior. Essa pesquisa é crucial para uma compreensão mais profunda da história pré-colonial do litoral brasileiro e da complexa interação entre as culturas indígenas que ali existiram ao longo de milhares de anos.

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