A caixa-preta do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 9 do mês passado, registrou que os pilotos relataram um problema no sistema de degelo da aeronave. A informação foi divulgada ontem, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), por meio de um relatório preliminar sobre as causas do acidente.
Este sistema, que também é conhecido por “de-ice”, é o que remove o gelo formado em alguns pontos da aeronave. De acordo com o Cenipa, antes de o avião cair, os pilotos o acionaram por três vezes. “Inclusive estava acionado no momento da queda”, diz trecho do relatório.
TREINAMENTO – Segundo o Cenipa, mesmo que a meteorologia tivesse previsto condição de gelo severo no trajeto, a aeronave podia voar nessas circunstâncias. Além disso, os pilotos tinham treinamento para conduzir o avião nessas condições climáticas.
De acordo com dados da meteorologia do dia, havia previsão de formação de gelo severo no trajeto do avião, um modelo ATR-72, que partiu de Cascavel (PR) às 11h46 e tinha como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com chegada prevista para às 13h40. No entanto, a aeronave perdeu sustentação em voo e colidiu com o solo às 13h22. Todas as 62 pessoas que estavam a bordo morreram de politraumatismo.
Ainda segundo o documento, o piloto do avião pediu à torre de aproximação de São Paulo para diminuir a altitude. No entanto, inicialmente, o pedido foi negado devido à outra aeronave estar em rota convergente. Essa comunicação teria ocorrido dois minutos antes da queda.
As duas caixas-pretas do avião chegaram no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores do Cenipa, dia 10. As primeiras extrações de informações, como dados do voo, altitude e velocidade, foram feitas no dia 13.
PRÓXIMOS PASSOS – A comissão externa da Câmara dos Deputados, que acompanha as investigações do acidente com o avião da Voepass, realiza audiência pública na próxima terça-feira (10) para ouvir representantes do Cenipa.
O debate será realizado a partir das 15 horas, no plenário 3. A ideia é que a comissão formule recomendações de segurança que possam ser adotadas por companhias aéreas e autoridades de aviação civil para prevenir futuros acidentes.
Um relatório conclusivo sobre a queda ainda não tem data para ser divulgado.