O maior projeto piloto sobre padrões de trabalho do mundo foi organizado por um grupo que advoga por semanas mais curtas de trabalho sem perda salarial. Durante o experimento, os empregados vão receber 100% do salário para trabalhar 80% da jornada original, com o objetivo de testar a produtividade deles.
Professores da Universidade de Oxford e Cambridge, assim como do Boston College nos Estados Unidos, vão administrar a pesquisa em parceria com o think tank Autonomy.
As empresas participantes vão de desenvolvedoras de softwares a companhias que fazem trabalho de recrutamento para ONGs e lojas locais que oferecem fish and chips, prato típico britânico.
O experimento, que envolve cerca de 3.000 trabalhadores do Reino Unido, é parte de uma iniciativa mundial que inclui testes semelhantes, porém de menor escala, na Irlanda, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Recentemente, o governo de Portugal também anunciou que pretende lançar um programa piloto parecido, com cerca de 100 empresas voluntárias.
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Sam Smith, cofundador da cervejaria Pressure Drop Brewery, em Tottenham, norte de Londres, disse que é “um bom momento” para sua empresa tentar diferentes práticas de trabalho.
A pandemia nos fez pensar muito sobre o trabalho e como as pessoas organizam suas vidas”, diz. “Estamos fazendo isso para melhorar a vida de nossa equipe e fazer parte de uma mudança progressiva no mundo que vai melhorar a saúde mental e o bem-estar das pessoas”.
O desafio de Smith durante o esquema piloto é bastante simples. Sua equipe de nove pessoas precisa produzir e embalar a mesma quantidade de cervejas que fazem agora — mas em quatro dias, em vez de cinco.
“Acho que é sobre como você usa seu tempo”, avalia Smith. “Então, quando falo em ser produtivo, não me refiro a ser mais rápido na tarefa que você está fazendo agora, mas sim a usar, por exemplo, os tempos de inatividade normais que você tem para se preparar melhor para o dia seguinte.”
Clare Doherty, que participa da administração da empresa de Smith, disse que o teste é “fantástico” e parte de uma “progressão natural de como trabalhamos”.
Ela explicou que o fato de trabalhar nesse setor há mais de quatro anos e saber que consegue fazer seu trabalho a faz se sentir confiante de que poderá cumprir as tarefas com eficiência com um dia a menos.
“Vai significar alguns minutos a menos de passeio pela internet durante o expediente, porque você precisa estar um pouco mais focado para fazer o que precisa no tempo que tem”, disse ela.
Enquanto isso, Craig Carmichael, que também trabalha na cervejaria, acha que um dia de descanso extra o motivará a trabalhar mais.
“Se eu souber que tenho que fazer as coisas em quatro dias para aproveitar esse dia extra, acho que será um bom incentivo”, disse ele à BBC.
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