O Airbus da Asiana Airlines cumpria o voo OZ-717 de Seul (Coreia do Sul) para Kaohsiung (Taiwan) e se aproximava do destino.
O primeiro oficial acionou um dos computadores de comunicação do voo (Acars) para verificar as condições meteorológicas no destino.
Enquanto aguardava a resposta, o tripulante desmaiou.
O comandante, que de fato pilotava a aeronave — na aviação usa-se a expressão pilot flying —, tentou reanimar seu primeiro oficial — que executava as funções de pilot monitoring.
De nada adiantaram os estímulos verbais e físicos do comandante, que chamou os comissários de bordo para verificar as condições do piloto.
Os comissários afastaram o assento do painel de comando.
Sem reação do piloto, que seguia inconsciente, os comissários foram instruídos pelo comandante a procurar por possíveis profissionais médicos entre os passageiros.
O capitão declarou emergência e manteve a rota para Kaohsiung enquanto um comissário prestava os primeiros socorros ao primeiro oficial, que estava pálido, suando frio, com o corpo caído e sem nenhuma reação muscular.
O comissário desafroxou o nó da gravata do primeiro oficial — popularmente chamado de copiloto —, soltou seu cinto, forneceu-lhe oxigênio e massageou seu peito.
Instantes depois, o primeiro oficial recuperou os sentidos, perdeu a palidez e o suor frio. Para maior tranquilidade dos colegas, moveu os braços e respondeu a perguntas dos tripulantes.
O comandante sugeriu que o piloto fosse retirado da cabine e acomodado numa poltrona entre os passageiros.
Um médico examinou o primeiro oficial e aconselhou o comissário a continuar com os primeiros socorros.
A aeronave pousou com segurança em Kaohsiung. Logo após o pouso, o piloto voltou a ser examinado por um médico do aeroporto, local onde exames preliminares foram realizados, incluindo um teste para verificar possível teor alcoólico no organismo.
O Araib da Coreia do Sul divulgou seu relatório final — publicado pelo Aviation Herald —, concluindo que a causa provável do grave incidente foi a perda de consciência por causa desconhecida.
Mas ressaltou que alguns fatores contribuíram para o grave incidente, como:
• falta de consciência sob privação de sono;
• falta de gerenciamento de fadiga individual; e
• falta de cultura de segurança na organização e mentalidade de segurança de seus funcionários quando se trata de gerenciamento de fadiga.
O Araib analisou ainda que, com base na vida diária do tripulante, ele dormiu apenas cerca de duas horas diárias durante três dias antes do voo.
O primeiro oficial provavelmente teria alto nível de fadiga, pois havia débito de sono acumulado.
O Comitê acrescenta que a substituição do piloto em voo é impossível, a menos que haja uma tripulação extra. Por esse motivo, “repouso controlado”, descrito no Guia de Gerenciamento de Fadiga (FMG), parece ser a única opção para evitar riscos potenciais de fadiga.
145 passageiros. E nove tripulantes. O primeiro oficial desmaiou meia hora antes do pouso do Airbus A321-200, matrícula HL8071. O Comitê de Investigação para Acidentes Aéreo e Ferroviário da Coréia do Sul (Araib) divulgou o relatório sobre o incidente, ocorrido em 29 de outubro de 2019