Paranaguá restabelece e reafirma o funcionamento do ensino integral através do programa “Escola o Tempo Todo”, da Rede Municipal de Educação. Hoje, são 21 unidades de ensino atendendo em tempo integral, incluindo a Escola Municipal do Campo “Profª Alvina Toledo Pereira”, na comunidade Rio das Pedras, em Alexandra. Até o fim de setembro, o número deve chegar a 23 escolas em tempo integral, com a inclusão de mais duas na zora rural, ampliando o atendimento para cerca de 1.400 alunos.
Desde o início do ano, a prioridade, segundo a Secretaria Municipal de Educação e Ensino Integral (Semedi), foi garantir o atendimento especializado a crianças com deficiência, cujo número cresceu significativamente nos últimos meses. “Até o ano passado tínhamos 334 crianças com deficiência que necessitavam de apoio. Em junho deste ano, já eram 542, e agora estamos chegando perto de 600. Esse aumento exigiu que direcionássemos professores, agentes de apoio e estagiários prioritariamente para esse atendimento, antes de retomar o integral”, explicou a responsável pela pasta, Fabíola Soares Arcega.
Educação do campo e oficinas diferenciadas
Na expansão, a secretária destaca o papel da educação do campo, que traz um diferencial ao integrar saberes tradicionais e educação ambiental ao currículo. “São oficinas que dialogam com a realidade das comunidades rurais e pesqueiras e que fortalecem a identidade cultural dos alunos”, completou Fabíola.
O modelo de tempo integral envolve atividades pedagógicas de reforço em língua portuguesa e matemática, mas vai além: inclui arte, cultura, saúde, meio ambiente, esporte e valores sociais, buscando formar cidadãos de maneira mais ampla.
Na Escola Municipal Presidente Castelo Branco, a diretora Edna Regina Albini Pereira Kaminski relembra o propósito inicial do integral. “Há muitos anos, a filosofia era acolher as crianças para que não estivessem nas ruas. Hoje, o currículo foi se ampliando e trabalhamos meio ambiente, dança, reforço acadêmico, saúde e educação. A criança não está aqui para ser cuidada apenas, mas para aprender e se desenvolver em valores como ética, moral e solidariedade”, disse.
Já na Escola Municipal Takeshi Oishi, no Parque São João, a diretora Sérlia Mariano Oliveira destaca as oportunidades criadas para crianças em situação de vulnerabilidade. “Além do reforço em português e matemática, temos oficinas de arte, cultura, meio ambiente e até karatê. As crianças adoram. Também garantimos quatro refeições diárias preparadas por nutricionistas, algo essencial para muitas famílias”, comentou.
Uma rede de apoio para as famílias
Para muitos pais, o ensino integral significa a oportunidade de trabalhar e garantir a renda da família, enquanto os filhos permanecem na escola. Além de estarem em um ambiente seguro, as crianças recebem acompanhamento pedagógico, participam de oficinas e se desenvolvem em diferentes áreas, o que traz tranquilidade para as famílias.
A dona de casa Daiane Costa Rosa Borchardt, mãe de uma aluna de 7 anos, do 2º ano da Escola Presidente Castelo Branco, afirma que a modalidade mudou a rotina da família. “É muito importante para quem trabalha. Em vez de ficar em casa no celular, minha filha está aprendendo, dançando, pintando. Ela adora e chega cansada, aproveita bem o dia. A alimentação também é excelente e saudável. Isso representa economia e mais qualidade de vida”, contou.
Na Escola Takeshi Oishi, a experiência foi transformadora para Gildete Santos dos Reis, mãe de um aluno de 6 anos, do 1º ano. “Vim de Salvador e não tinha essa realidade. O tempo integral foi uma rede de apoio para mim e meu marido, que trabalhamos o dia todo. Sei que meu filho está em um ambiente seguro, aprendendo, se desenvolvendo e até apaixonado pelo karatê. Sem o integral, eu não conseguiria trabalhar”, afirmou.
Ensino integral como política pública
Mais do que ampliar o tempo de permanência na escola, o programa “Escola o Tempo Todo” busca oferecer proteção social, formação cidadã e igualdade de oportunidades. Para a atual Administração Municipal, a prioridade inicial em garantir apoio às crianças com deficiência e depois retomar o integral demonstra uma estratégia de reorganização para atender melhor a toda a comunidade escolar.
“Hoje temos cerca de 80 professores atuando no ensino integral e mais de 260 profissionais dedicados ao apoio especializado. O desafio é grande, mas a expansão mostra que estamos avançando”, concluiu a secretária Fabíola Arcega.