O papa Francisco faleceu na manhã desta segunda-feira (21), às 7h35 no horário local (2h35 em Brasília), segundo comunicado oficial do Vaticano. Ele tinha 88 anos e havia apresentado sinais de fragilidade nas últimas semanas, após um longo período de internação hospitalar.
No domingo de Páscoa (20), em uma de suas últimas aparições públicas, o pontífice surpreendeu ao surgir na sacada central da Basílica de São Pedro para a tradicional bênção Urbi et Orbi — “à cidade e ao mundo”. Com voz ainda enfraquecida, saudou a multidão reunida na Praça de São Pedro, desejando uma “feliz Páscoa”. Cerca de 35 mil pessoas acompanharam a celebração. Apesar das recomendações médicas, ele circulou pela praça a bordo do papamóvel, algo que não fazia desde sua recente internação.
Francisco não participou dos ritos da Semana Santa por orientação da equipe médica, após ter passado 38 dias internado com um quadro de pneumonia bilateral no hospital Agostino Gemelli. Mesmo assim, contrariando os conselhos clínicos, fez breves aparições, como a visita a um presídio próximo ao Vaticano na Quinta-feira Santa, onde cumprimentou detentos — gesto simbólico que marcou todos os anos de seu pontificado.
Um papado de humildade e transformação
Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, Argentina, foi eleito papa em março de 2013, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica. Sua escolha pelo nome Francisco não foi casual: homenageava São Francisco de Assis, o santo dos pobres, da simplicidade e do cuidado com a natureza. A escolha indicava, desde o início, o caminho que seu papado seguiria.
Inspirado pelo exemplo do santo de Assis, o papa Francisco adotou uma postura de humildade e serviço. Abriu mão de muitas pompas do Vaticano, morando na Casa Santa Marta em vez do luxuoso Palácio Apostólico. Chamava a atenção pela linguagem simples, pelos gestos de proximidade com os mais vulneráveis e pelo posicionamento firme em temas sociais e ambientais.
Durante seu pontificado, o papa foi uma voz ativa na defesa dos refugiados, das minorias, dos sem-teto e do meio ambiente. Encíclicas como Laudato Si’ (2015), sobre o cuidado com a “casa comum”, marcaram profundamente seu legado. Também promoveu importantes debates internos na Igreja, como a inclusão de divorciados, o papel das mulheres e o acolhimento à comunidade LGBTQIA+.
Um líder global em tempos difíceis
Francisco guiou a Igreja em um período complexo, marcado por crises internas, escândalos de abusos sexuais e desafios globais como a pandemia de Covid-19. Mesmo diante das dificuldades, conquistou o respeito de fiéis e não fiéis ao redor do mundo, sendo frequentemente citado como uma das lideranças mais influentes do planeta.
Nos últimos anos, sua saúde vinha se deteriorando. Além da recente pneumonia, enfrentava problemas nos joelhos e já havia passado por outras cirurgias. Ainda assim, seguiu trabalhando com determinação até os últimos dias.
Luto e legado
O Vaticano ainda não divulgou detalhes sobre o velório, o funeral e os próximos passos para o conclave que elegerá o novo papa. A Igreja Católica entra agora em um período de luto e de transição, enquanto o mundo despede-se de uma figura que renovou a fé de milhões com gestos de humanidade e coragem.
Papa Francisco deixa um legado profundo, marcado por empatia, simplicidade e compromisso com a justiça social e ambiental — valores que o tornaram um dos papas mais queridos e respeitados da história contemporânea.