No primeiro dia do ano de 2024, um marco significativo passou despercebido para muitos brasileiros: o silêncio repentino da Amplitude Modulada (AM). Essa frequência de rádio, que desempenhou um papel fundamental na construção da história radiofônica do país desde os anos 20, chegou ao seu fim, marcando o encerramento de uma era que me enche de orgulho por ter feito parte.
O fenômeno da rádio FM, com sua qualidade sonora superior, alterou a configuração do mercado, deixando as tradicionais AMs sem alternativa senão migrar. Essa mudança não só acompanha as tendências tecnológicas, mas também torna a operação mais econômica, facilitando o processo de adaptação.
Contudo, enquanto algumas emissoras optaram por fazer a migração, outras, atendendo ao decreto presidencial, permanecem no ar, agora como emissoras locais, operando com potência máxima de 1 kW e alcance máximo de 5 km. No Rio de Janeiro, exemplos notáveis são a Rádio Manchete e a Rádio Relógio Federal.
As antigas AMs já tiveram seus dias de glória, com audiências cativantes em todos os cantos do país. Elas eram a companhia do pescador em seu barquinho, do porteiro no portão, do vovô na varanda, e da dona de casa na cozinha, entre tantos outros trabalhadores solitários.
Em dias de futebol, eram imbatíveis. Além disso, as AMs eram as guardiãs da música, dos programas caipiras nas manhãs e das paradas de sucesso. O fim delas, por fim, chegou sem alarde. No entanto, é crucial reconhecer o papel grandioso que cumpriram. Elas eram e sempre serão o som das tardes ensolaradas dos domingos de futebol, uma parte inestimável da nossa história radiofônica.