Número de tartarugas-verdes resgatadas no litoral do Paraná aumenta 503% 

Bia Borges
Foto: RPC

Em julho de 2025, pesquisadores resgataram 314 tartarugas-verdes nas areias do litoral do Paraná. Delas, só cinco estavam vivas.

O número representa um aumento de 503% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando foram resgatados 52 animais da mesma espécie.

Depois que são encontradas, as tartarugas são acolhidas e as que estão vivas são tratadas pelos pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No local, os cientistas avaliam a frequência cardíaca dos animais, se eles estão com febre, se estão hidratados ou se têm lesões, entre outras avaliações.

Conforme os pesquisadores, o aumento acontece por vários fatores, como interações dos animais com lixo e com apetrechos de pescas.

“Eles estão muito magros, apresentam algum tipo de contaminação, doenças, muitos parasitas… Isso mostra para a gente que o ambiente não está muito bom para esses animais. Às vezes cair na rede, interagir com o lixo pode ser um problema secundário desses animais, que já estavam doentes e debilitados”, detalha a bióloga Liana Rosa.

O mar poluído também é apontado como um risco à espécie, classificada como vulnerável à extinção. Os pesquisadores notaram grandes quantidades de plástico nas fezes dos animais em observação.

“A ingestão de plástico faz com que o animal se sinta saciado, porque o plástico permanece no sistema gastrointestinal do animal. Isso faz com que gases sejam produzidos, por exemplo, e ela fica flutuando, não consegue mais mergulhar. E uma embarcação pode passar, e colidir com esse animal. Ou esse fato de ela se sentir muito satisfeita, achar que está com o estômago cheio – porque está cheio de lixo e não alimento –, faz com que ela pare de se alimentar e fique suscetível a outras doenças ou passe a emagrecer muito e não conseguir mais se desenvolver no ambiente”, explica Liana Rosa.

Depois do tratamento, que varia conforme a condição de cada animal, eles são devolvidos para o mar. Cada um dos retornos é comemorado pela equipe de cientistas e pela população.

“É sempre especial pensar no trabalho e no esforço coletivo da equipe, no quanto a gente tem trabalhado e tentado sempre melhorar para fazer com que esses animais tenham a dignidade de viver dentro do ambiente em que eles vivem sem que as nossas alterações e sem nossos problemas humanos atrapalhando o viver deles. Sem dúvida nenhuma é um momento muito especial”, comemora o veterinário Fábio Henrique de Lima.

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