Manguezais da Baía de Guaratuba, como tantos outros, verdadeiros berçários da vida marinha

Entenda a importância deste ecossistema que, segundo a Unesco, está desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras florestas no mundo

Redação Litorânea
Foto: Edgar Fernandez

Os manguezais estão na lista dos mais produtivos ecossistemas do mundo, de acordo com especialistas. 

De acordo com a Convenção de Ramsar (Convenção sobre as Áreas Úmidas de Importância Internacional), os ecossistemas de mangue são únicos, raros e extremamente ricos em biodiversidade. Com espécies da flora, fauna e até solo exclusivos, esse ambiente, quando gerenciado de forma sustentável, tem um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, na proteção de zonas costeiras e na subsistência de milhões de pessoas. 

Um nascer do sol típico nas florestas de mangue de Los Jardines de la Reina, Cuba. foto: octavio aburto

Entretanto, segundo a Unesco, os mangues estão desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras florestas no mundo, trazendo sérios impactos ecológicos e socioeconômicos. O órgão estima que a cobertura de mangue global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40 anos.

O morcego-pescador é outra das maravilhas dos manguezais, onde encontra muitos peixes para se alimentar. foto: octavio aburto

Tipicamente costeiros, os ambientes de mangue prosperam em estuários, ou seja, “lagoas ou áreas alagadas que se formam quando as águas doces provenientes de rios e córregos fluem até o oceano e se misturam com a água salgada do mar”, diz Octavio Aburto, fotógrafo, oceanógrafo e explorador da National Geographic.

A Bahia Magdalena, no México, é um dos poucos lugares do mundo onde dunas desérticas convivem com manguezais. foto: octavio aburto

Por serem donos de características tão específicas, os manguezais abrigam espécies únicas, como algumas adaptadas para ambientes com água salobra (onde a salinidade é maior que nos rios e menor que no mar). 

Um pargo usa as raízes do mangue como viveiro em seu estado juvenil. foto: octavio aburto

Árvores típicas do ecossistema, os mangues propriamente ditos, chamam atenção por suas raízes, que ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas cheias.  

Um tronco flutuando em uma lagoa de mangue fornece abrigo para pargos amarelos. FOTO: OCTAVIO ABURTO

Os manguezais colonizam os litorais de 123 nações e territórios pelo mundo, segundo a Unesco. Entretanto, eles ainda são considerados ecossistemas raros, já que representam menos de 1% das florestas tropicais e menos de 0,4% das superfícies florestais do planeta. 

A tranquilidade das lagoas de mangue não é apenas durante o dia, também é observada à noite. foto: octavio aburto

Ainda que espalhados por todo o mundo, apenas um punhado de países abriga mais de 70% dos manguezais do planeta. “Países como Indonésia, Austrália, Brasil, México, Malásia, Índia, Papua Nova Guiné e Bangladesh concentram dois terços dos ecossistemas de mangue no mundo”, explica Aburto. “São países localizados no meio dos trópicos, com extensos litorais e clima quente, essenciais para o desenvolvimento de mangues.”

Foto: Facebook edgar fernandez

Só no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas dos Manguezais do Brasil, lançado pelo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018, existem aproximadamente 14 mil km² de florestas de mangue ao longo do litoral. Isso coloca o país como o segundo com a maior extensão de manguezais no mundo, com 12% do total, atrás apenas da Indonésia. 

foto: facebook edgar fernandez

Na APA Estadual de Guaratuba (Área de Proteção Ambiental) possuímos extensas áreas manguezais que são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Como supramencionado, no Brasil, ocorrem em quase todo o litoral, desde o estado do Amapá até Santa Catarina, uma das maiores extensões de mangue do mundo.

foto: facebook edgar fernandez

A grande diversidade de matéria orgânica associada às áreas protegidas tornam os manguezais da Baía de Guaratuba, ambientes propícios à alimentação, reprodução e desenvolvimento de diversas espécies de animais, tornando-o um verdadeiro “berçário da vida marinha”. Neste sentido, preservar os manguezais significa também proteger a fauna marinha e toda sua cadeia ecológica/produtiva.

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