Por volta de 10h do dia 28 de janeiro de 1995, há 27 anos, Guaratuba era cenário da maior tragédia do Litoral paranaense. O Edifício Atlântico, localizado na rua Gabriel de Lara esquina com a Santos Dumont, desabou, matando 29 pessoas e deixando sete feridos. À época, vizinhos do prédio relataram que a estrutura ruiu rapidamente. Não faltaram esforços, em um trabalho de formiga, para retirar os entulhos na tentativa de localizar sobreviventes.
O prédio, de seis andares, estava em obras para o reforço de colunas de sustentação. Alguns moradores e veranistas já haviam demonstrado preocupação em virtude de rachaduras, dias antes do desmoronamento. Segundo os sobreviventes, minutos antes da estrutura ruir, foi ouvido um estalo.
O trabalho de resgate durou mais de 30 horas e o comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Almir Porcides Júnior, trabalhou em 28 delas. Ele disse que nunca tinha visto uma tragédia tão grande como aquela. A montanha de escombros que tinha virado o edifício de 16 apartamentos passava de cinco metros de altura e os gemidos e pedidos de socorro eram possíveis de serem ouvidos.
Bombeiros e voluntários foram organizados em grupos e, num trabalho de formiguinha, foram retirando os destroços com a mão, enxadas e pás. “Um dos salvamentos mais difíceis foi o de uma mulher que ficou mais de 10 horas soterrada. Foi feito uma espécie de túnel para retirá-la e, como havia risco de desabamento, foram colocadas escoras. Só aparecia o rosto dela. Fomos conversando e minimizando a dor”, lembra o coronel. A mulher foi resgatada com apenas um corte no pé.
De 10 em 10 minutos também eram feitos momentos de silêncio para que as vítimas pudessem ser ouvidas. O coronel lembra com tristeza que havia crianças soterradas. Quando iniciaram as buscas, era possível ouvir o choro e gemido de uma delas pedindo ajuda, mas com o passar das horas a voz foi ficando cada vez mais fraca e sumiu. “Foi o trabalho de salvamento mais difícil. Marcou muito”, recorda. Nele atuaram mais de cem bombeiros e a vizinhança colaborou.
O engenheiro Ney Batista Torres, responsável pela obra, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por homicídio culposo, sem a intenção de matar. Mas ele não chegou a ser julgado porque a lei 9.099, que entrou em vigor naquele ano, permitia a suspensão do processo desde que fosse feito um acordo com as vítimas, o que acabou ocorrendo um ano depois do acidente.