Guaratuba tem um navio encalhado na praia de Caieiras

É possível avistar a embarcação quando a maré baixa

Redação Litorânea
Imagem: Reprodução RPC

“Era uma tarde de grande nevoeiro, vento sul, quando os moradores da Vila foram surpreendidos pelo ruído interminável do apito do Vapor São Paulo, que pelas três horas da tarde acabava de encalhar na praia de Caieiras, no dia 26 de novembro de 1868”. Texto extraído do Livro História de Guaratuba – Joaquim Mafra.

O Vapor São Paulo, pertencente à Marinha Mercante Brasileira, era comandado pelo oficial Jacinto Ribeiro do Amaral, que, curiosamente, foi casado com Chiquinha Gonzaga, renomada compositora brasileira, com quem teve três filhos. Este navio desempenhou um papel crucial no resgate dos soldados brasileiros envolvidos na “Guerra do Paraguai”.

foto: reprodução facebook mario natalino

Notavelmente, a maioria desses soldados resgatados era composta por negros, muitos dos quais foram recrutados para lutar no lugar dos filhos das autoridades e pessoas influentes da época. A promessa de obter a “alforria” ao retorno da guerra era a motivação que os impulsionava, mas, lamentavelmente, a falta de preparo fez com que a maioria morresse em combate.

Não há relatos sobre o que ocasionou o acidente que ocorreu durante uma jornada que envolveu aproximadamente 600 pessoas a bordo, entre tripulantes, médicos e soldados, que foram prontamente resgatados, havendo a baixa de um soldado gravemente ferido. Os fatos que antecederam ao encalhe do vapor não foram esclarecidos pela tripulação, e a história oficial não documenta esse episódio, nem mesmo nos arquivos da marinha.

foto: reprodução facebook mario natalino

As possíveis causas do acidente incluem a baixa visibilidade devido a uma densa neblina, um simples erro de cálculo do comandante sobre a distância da costa ou sua tentativa de navegação pelo canal da barra em direção à baía, resultando no encalhe e posterior tombamento do navio.

Ao longo dos anos, vários utensílios foram retiradas do vapor, incluindo uma mesa meticulosamente entalhada à mão, com mais de quatro metros de comprimento, totalmente preservada. Relatos indicam que uma empresa de Joinville (SC) adquiriu esses móveis e objetos, inicialmente em exploração comercial, mas o projeto foi posteriormente abandonado. O mobiliário foi então vendido a uma empresa existente, à época, em Guaratuba. Um sino de prata a bordo foi oferecido à Igreja Matriz de Guaratuba, mas devido ao seu peso e dificuldades logísticas, não pôde ser removido.

foto: reprodução facebook mario natalino

Em 1928, diversos mancais em perfeito estado de conservação, foram retirados do vapor. Alguns apresentando sinais de desgastes, na parte externa, devido ao movimento que faziam quando acionados para movimentarem o navio. Os mancais eram as peças que acionavam o eixo principal que atravessava o navio, de um lado ao outro, e suportava as grandes rodas que movimentavam a embarcação.

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