O ex-vereador de Matinhos, Milton dos Santos, de 50 anos, foi oficialmente denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) pelos crimes de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro. O caso, que causou comoção e revolta em todo o Litoral do Paraná, aconteceu no dia 3 de agosto de 2024, na rodovia PR-407, em Paranaguá.
O crime
Naquela noite, Milton conduzia um veículo em alta velocidade quando atropelou um grupo de ciclistas que pedalava pelo acostamento da rodovia. Duas vítimas morreram no local: Giselle do Valle, de 33 anos, e Peterson Silveira, de 46 anos. O casal era muito conhecido entre a comunidade ciclista da região, participando ativamente de treinos e passeios.
Além das mortes, outras duas pessoas ficaram feridas no acidente — uma delas em estado grave, necessitando de atendimento hospitalar emergencial.
Segundo a denúncia do MP, o ex-vereador dirigia embriagado, em velocidade incompatível com a via e sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), suspensa há anos. Esses fatores agravam ainda mais a conduta criminosa atribuída a ele.
Fuga e apresentação tardia
Após o atropelamento, Milton dos Santos fugiu do local sem prestar socorro às vítimas. Somente três dias depois, acompanhado de advogado, ele se apresentou às autoridades.
A promotora de Justiça responsável pelo caso, Tatiana Sigal Zago, criticou a postura:
“Trata-se de uma conduta marcada pelo desprezo à vida, que vai além da imprudência. O acusado agiu embriagado, em velocidade incompatível e sem habilitação. Fugir do local e só se entregar dias depois demonstra o total descaso com as vítimas e com a Justiça.”
Prisão preventiva e processo em andamento
Diante da gravidade dos fatos, a Justiça decretou a prisão preventiva de Milton dos Santos, que está detido desde 10 de setembro de 2024. O Judiciário já recebeu a denúncia apresentada pelo MPPR, e o processo segue em andamento.
Até o momento, a defesa do ex-vereador não apresentou manifestação oficial sobre as acusações.
Comoção no Litoral
O caso mobilizou familiares, amigos e grupos de ciclistas, que organizaram manifestações e homenagens às vítimas. Nas redes sociais, centenas de mensagens exigindo justiça foram publicadas.
Giselle e Peterson eram descritos como pessoas queridas, trabalhadoras e apaixonadas pelo ciclismo. Em uma das manifestações realizadas na PR-407, um parente afirmou:
“Nada vai trazer a Giselle e o Peterson de volta, mas queremos justiça para que outras famílias não passem pelo que estamos passando.”
Histórico e repercussão política
Além do crime, a trajetória política de Milton também voltou a ser lembrada. Durante seu mandato como vereador em Matinhos, ele já havia se envolvido em polêmicas, o que aumenta a indignação da comunidade.
O episódio reacendeu o debate sobre a impunidade no trânsito e a necessidade de punições mais severas para motoristas embriagados que provocam tragédias.
Próximos passos
O processo agora tramita na Justiça do Paraná. Caso seja condenado, Milton dos Santos pode receber uma longa pena de prisão, uma vez que as qualificadoras de homicídio tornam o crime mais grave.
Enquanto isso, a comunidade ciclista e moradores do Litoral seguem acompanhando cada etapa judicial, cobrando celeridade e justiça para as vítimas.
Foto: Redes sociais