Estudante escreve sobre feijoada e é aprovada em Universidades nos EUA

Redação Litorânea
Imagem: Reprodução

A feijoada, prato típico brasileiro e que evidencia parte da diversidade cultural brasileira foi o tema escolhido para a redação de uma jovem estudante brasileira, Sofia Rosa, de 17 anos, moradora de Brasília, no Distríto Federal.

De acordo com as informações divulgadas, com as suas redações sobre a feijoada, a estudante foi aprovada em 11 instituições de ensino superior nos Estados Unidos da América.

A ligação com a culinária vem de família, a filosofia da casa da jovem é que, enquanto se cozinha, pode-se encontrar meios de criar e superar desafios; e, esse aprendizado Sofia leva para a vida, pois, foi essa a lição valiosa que a garota usou para iniciar a vida acadêmica.

Em seu texto, ela detalha a história do prato, citando o triste período escravocrata do Brasil; a jovem também explica que a feijoada era preparada por e para escravizados, somente com o que restava da carne dos porcos servida aos colonizadores.

Ao todo, a estudante prestou 18 vestibulares, contudo, algumas instituições de ensino ainda não divulgaram o resultado da candidatura; agora Sofia aguarda a resposta de todas universidades para decidir para qual irá.

Confira a íntegra da redação premiada:

“Feijoada

Em português, feijoada deriva da palavra ‘feijão’ . Brasileiros comem feijão todos os dias, mas feijoada é algo especial. Uma das comidas mais típicas da história brasileira. Crucial para as boas e velhas reuniões de família aos sábados. O cheirinho gostoso de linguiça braseada, a risada da mamãe enquanto eu deixo de sambar, e de ouvir a melhor coisa que qualquer avó pode dizer: A comida está pronta!

Este prato conta muitas histórias, inclusive a minha. Quando o Brasil ainda era um colônia, os escravizados cozinhavam o feijão com a única carne a que tinham acesso, as peças de porco descartadas. Hoje em dia, é fundamental que uma feijoada bem feita tenha esses ingredientes. Eles dão um sabor excepcional e o tornam único. A sensibilidade, pois essas sobras, para muitos, podem ser consideradas inúteis. No entanto, pode adicionar um sabor totalmente novo quando devidamente nutrido.

Por anos eu me culpei por ser muito intensa. Eu pensei que me fazia parecer frágil. Ocasionalmente, sempre que eu tinha uma crise, meu pai – também um pessoa sensível – me aconselhava que chorar nos ajudava a ganhar força e superar qualquer dificuldade. Graças a ele, aprendi a ter orgulho da minha sensibilidade. Faz parte da minha personalidade e não me torna fraca.

Cozinhar a feijoada pode ser considerada uma forma de arte. Não só por todos os ingredientes misturados, mas também pelo processo. Você deve saber quando começar e quando terminar. É normal para uma menina de 15 anos ainda não dominar esta arte.

Meu professor de inglês precisava de ajuda para criar conteúdo de mídia social para vender aulas on-line e eu me ofereci como freelancer consultor e criador de mídia – um nome chique que eu não conhecia na época. Então, eu mergulhei no mundo da publicidade e me apaixonei por ele. Com o apoio do meu professor, comecei a estudar o poder da comunicação verbal e não verbal e a compreender sua importância para os pequenos negócios e negócios globais.

Quando cheguei ao meu último ano, administrar a escola e o trabalho era difícil, mas ainda não sentia ‘aquele cheiro de queimado’. Horários rígidos me ajudaram a terminar minhas tarefas diárias e trabalhar para mais clientes. Mas o sistema educacional brasileiro exige conhecimento avançado de várias disciplinas, o que tornava o trabalho uma tarefa muito mais desafiadora naquele momento. E havia o cheiro. Eu estava cozinhando demais. Eu tive que aprender quando parar e definir limites, assim como na hora da feijoada. Às vezes há muito em seu prato, e eu percebi que você deve priorizar o que é mais vital para si mesmo sem comprometer o verdadeiro sabor da vida.

Uma excelente feijoada deve ter seu tempero – todo tipo de pimenta, louro, cebolinha fresca e alho. Como as pequenas coisas que fazem a vida valer a pena. A felicidade não vem apenas de eventos ou realizações significativas. Claro, esses são incríveis. Mas notar os menores acontecimentos da vida cotidiana não tem preço – o cheiro de terra úmida quando a chuva vem depois de um longo seca, um teste difícil, ouvir sua avó pedir sua refeição favorita.

Assim como o feijão é a base da feijoada, a carne e os temperos formam sua essência. Às vezes, a vida pode trazer à tona o que parece sem importância, mas agora sei que até mesmo um beliscão pode ser fundamental, e aprendi a abraçar cada parte da minha personalidade. Hoje eu entendo o valor de cada ingrediente desse prato, cada pedaço de mim que me faz extraordinária, e estou ansiosa para dizer: A comida está pronta.”

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