Guaratuba (PR) – A Câmara Municipal de Guaratuba aprovou, na sessão desta segunda-feira (28), a abertura de um processo de cassação contra a vereadora Maria da Silva Batista, conhecida como Maria do Neno. O pedido foi apresentado pela secretária municipal de Educação, Evani Justus, e pelo secretário de Administração, Itamar Júnior.
A solicitação foi lida no início da sessão e, logo em seguida, colocada em votação. Com ampla maioria, os parlamentares votaram favoravelmente ao prosseguimento do processo, que agora seguirá os trâmites regimentais.
Votaram a favor da abertura da cassação:
Ricardo Borba
Juliano Petruquio
Professora Cátia do Doro
André Montemezzo
Diego Correa Elickar
Felipe Puff
Márcio Tarran
Ricardo de Macedo
Sandra Bertipaglia
Zaqueu Clarinda
Votaram contra a abertura do processo:
Wallace da Apagre
Adriana Fontes
Com o aceite da denúncia, será formada uma comissão processante que poderá levar à cassação do mandato de Maria do Neno, caso sejam comprovadas infrações político-administrativas.
Caso Dr. André: pedido de cassação sequer foi aceito pela Câmara
A decisão da Câmara em avançar rapidamente contra Maria do Neno gerou questionamentos sobre a disparidade no tratamento de casos semelhantes. Isso porque, no início de maio, foi protocolado um pedido formal de cassação do mandato do vereador André Montemezzo, apresentado pelo advogado Piero Madalozzo, que representa a família do jovem Cristhian Amaral de Oliveira, morto por falta de socorro no sistema de saúde municipal.
O pedido contra Montemezzo se baseava em acusações de quebra de decoro parlamentar, após o vereador ser apontado pela família por condutas ofensivas, ameaças políticas e comentários desrespeitosos durante o velório e o sepultamento do jovem, além de possível tentativa de silenciar a mãe do rapaz, Josiane Amaral de Souza.
Em entrevista à Rádio Litorânea FM, o advogado destacou:
“A conduta do vereador precisa seguir padrões éticos mínimos, dentro e fora da Câmara. A representação é baseada em fatos concretos, sem motivação política.”
No entanto, diferente do que ocorreu com Maria do Neno, o pedido de cassação contra André Montemezzo sequer foi aceito para análise. O documento foi ignorado ou engavetado, sem justificativa pública ou votação formal no plenário, o que levantou acusações de favorecimento político dentro da Casa Legislativa.
“Dois pesos, duas medidas”, disseram internautas e moradores nas redes sociais, que cobraram isonomia nas decisões do Legislativo. “Por que um caso segue e o outro é barrado?”, questionou um cidadão em comentário divulgado na live da sessão.
Relembre o caso Cristhian Amaral
Cristhian Amaral, de 23 anos, morreu no bairro Piçarras após uma sequência de falhas no atendimento de emergência. A família denunciou omissão, abandono e negligência no serviço de saúde de Guaratuba. O drama ganhou repercussão após o advogado Piero Madalozzo relatar na rádio Litorânea que ambulâncias estavam paradas, com equipes presentes, mas nenhuma ação foi tomada para salvar o jovem.
Além da representação na Câmara, a equipe jurídica protocolou uma queixa-crime no Judiciário contra Montemezzo por crimes contra a honra da mãe do rapaz, além de estudar medidas indenizatórias na esfera cível.
Durante o velório, o vereador teria dito à mãe do jovem para “ter cuidado com o que posta nas redes sociais”, e chegou a ligar para ela durante o sepultamento, em tom considerado agressivo.
Apesar de toda a repercussão, a resposta oficial da Câmara foi um afastamento simbólico de Montemezzo da liderança do governo, considerado insuficiente pela população e pela defesa da família.
Indignação popular e cobrança por justiça
O caso escancarou a crise política e administrativa que Guaratuba enfrenta, especialmente no setor de saúde. A população, revoltada com o que considera tratamento desigual entre vereadores, exige transparência, responsabilidade e coerência do Legislativo municipal.
A equipe jurídica da família de Cristhian promete continuar acompanhando de perto todas as ações legais e manter a sociedade informada sobre os próximos desdobramentos.
Enquanto isso, permanece no ar a pergunta que ecoa nas redes e nos bastidores da política local:
por que um processo avança e o outro é ignorado?