Desde 1940, o dia 19 de abril é dedicado aos povos originários, a data, criada via decreto no ano de 1943, anteriormente era denominada por “Dia do Índio”, contudo, a partir deste ano o nome foi atualizado para Dia dos Povos Indígenas.
O projeto que altera a nomenclatura foi apresentado no ano de 2019 pela então Deputada Federal Joenia Wapichana, hoje presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a Funai, anteriormente chamada de Fundação Nacional do Índio.
De acordo com informações divulgadas, tanto estudiosos do assunto, quanto representantes de povos originários, consideram a mudança positiva, pois o termo “índio” historicamente acabou assumindo um papel pejorativo.
Historicamente, no Brasil, o termo “índio” para designar os povos originários começou a ser questionado a partir do ano de 1970, pois, a partir desse período surgiu uma forma mais sistemática de ativismo indígena.
Para especialistas, o nome índio esconde centenas de nações independentes, com costumes, culturas, éticas, simbologias e línguas absolutamente distintas entre si, muitas delas não-intercomunicantes entre si.
Estimativas demográficas indicam que no ano de 1500, havia, pelo menos, cerca de 3 milhões de nativos, distribuídos entre mais de mil etnias distintas; o censo de 2010 revela que atualmente existem, aproximadamente, 897 mil indígenas, de 305 etnias.
SOBRE O DIA 19 DE ABRIL:
A data foi instituída, pois, entre 14 e 24 de abril de 1940 ocorreu no México o Congresso Indigenista Interamericano; inicialmente, os indígenas iriam boicotar o evento, temendo a falta de participação, contudo, no dia 19 compareceram e integraram as discussões.
Conforme informações, participaram do congresso 55 delegações oficiais, o representante brasileiro foi o médico, antropólogo e etnólogo Edgar Roquette-Pinto, ele não era indígena, mas estudava povos originários na região amazônica.
O evento mexicano acabou definindo medidas em defesa de indígenas e o estabelecimento do “Dia do Aborígene Americano em 19 de abril”. O Brasil foi um dos países que não aderiram inicialmente às deliberações do congresso.
Outro fruto importante do Congresso Indigenista Interamericano foi a criação do Instituto Indigenista Interamericano, uma entidade que depois se tornaria órgão ligada à Organização dos Estados Americanos, a OEA.
OS POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ:
A cultura dos povos indígenas se faz presente no cotidiano dos paranaenses, a começar pelo nome de origem guarani; pois, Pará, significa “mar”, e “Anã” significa “parecido, semelhante”, ou seja, Paraná significa “rio semelhante ao mar”.
Entre 1853 e 1860 o nome da Província era “Paranã”; a capital do Estado, Curitiba, também é de origem indígena, deriva dos termos Curiytiba e Curityba, vindos do guarani e tupi, que significa abundância de pinheiros, sendo: Curiy (pinheiro) + Tuba (sufixo de bastante).
Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, atualmente o Paraná concentra 45 aldeias e 23 terras indígenas; com relação às etnias, aproximadamente 70% pertence ao povo Kaingang e 30% ao povo Guarani.
Contudo, dados apontam que também existem famílias descendentes do povo Xetá e algumas do povo Xokleng; de acordo com o Governo do Estado, no Paraná cerca de 13.300 indígenas vivem em aldeias ou terras indígenas.
A população indígenas no estado, no entanto, é ainda maior. Em 2010 o IBGE identificou cerca de 26.559 indígenas, o equivalente a 0,25% da população, porém, apenas 11.934, cerca de 44,9% do total, viviam nas aldeias ou terras oficialmente reconhecidas.
Conforme informações, a presença mais forte no Estado, considerando as áreas de reservas já demarcadas, é da etnia Guarani, grupo do tronco linguístico Tupi-Guarani, presente em 16 das 24 terras indígenas.
Ainda de acordo com as informações divulgadas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a etnia Kaingang, pertencente à família linguística Jê, aparece logo em seguida, com presença em 14 áreas do Estado.
Finalizando o levantamento, por último aparecem os Xetá, também pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani, presentes em três áreas; é importante destacar que há áreas com a presença de mais de uma etnia.