Moradores de Guaratuba estão revoltados com a atual situação do atendimento nas unidades de saúde do município. A decisão repentina de dispensar o chamado “terceiro médico” — também conhecido como emergencista — trouxe sérias consequências para quem precisa de atendimento rápido, sem agendamento.
Esse profissional, que não fazia parte da equipe do médico da família, era responsável por atender as situações corriqueiras e imediatas, como uma crise de enxaqueca, dores agudas ou uma coluna travada. Casos simples e comuns, que não podem esperar dias ou semanas por uma consulta agendada.
Segundo relatos da comunidade, a dispensa desse médico aconteceu do dia para a noite, sem aviso prévio nem alternativas para suprir a demanda. Agora, quem busca atendimento imediato precisa disputar espaço com o cronograma já sobrecarregado das unidades, que atendem grupos prioritários como:
Gestantes;
Hipertensos;
Diabéticos;
Mulheres em pós-parto;
Pacientes acamados.
Sem o emergencista, os profissionais das unidades ficam sobrecarregados, e quem tem um problema de saúde que precisa de solução rápida muitas vezes volta para casa sem atendimento.
Exames também estão parados
A situação ficou ainda mais grave após a informação recebida no fim da tarde de ontem: os exames laboratoriais estariam parados ou deixariam de ser feitos.
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Coroados, onde a marcação de exames sempre ocorria no final do mês — para aproveitar as cotas e organizar os atendimentos — a população, como de costume, compareceu ontem para realizar o agendamento.
Porém, ao abrirem o sistema, as funcionárias foram surpreendidas com a mensagem de “não autorizado”. O convênio com o Laboratório Lanac, que vinha realizando os exames desde 2023, está suspenso ou foi encerrado.
Só na UBS Coroados, eram realizados, em média, 300 atendimentos mensais para exames laboratoriais. Agora, com o serviço parado, centenas de pessoas ficam sem diagnóstico e acompanhamento de saúde.
População indignada
Moradores expressam indignação e preocupação. “A gente não sabe mais onde ir. Quando acorda passando mal, não tem mais o emergencista. E agora nem exame dá pra fazer”, comentou uma moradora do bairro Coroados.
A ausência de informações claras por parte da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde aumenta a angústia da população, que teme pela piora no atendimento e pelos riscos à saúde pública.
Crise na atenção básica
A situação expõe uma crise na atenção básica à saúde de Guaratuba. O modelo de atendimento com o emergencista era uma segurança para quem precisava de solução imediata, sem tirar o foco das consultas programadas. Sem ele, o sistema trava, prejudicando tanto quem precisa de rotina quanto quem necessita de urgência.
Agora, a população aguarda respostas das autoridades sobre:
A reposição ou não do médico emergencista;
O futuro dos exames laboratoriais;
Quais medidas serão adotadas para garantir o atendimento digno à comunidade.
Enquanto isso, quem precisa de atendimento imediato segue sem saber a quem recorrer.