Demitido da agricultura nega responsabilidade e afirma ser alvo de atingimento político

Cleomar Diesel

Após sua demissão do Ministério da Agricultura, o ex-secretário Neri Geller se manifestou sobre as recentes controvérsias envolvendo o leilão do arroz, classificando o evento como um “erro político” e sugerindo que ele tenha sido vítima de tentativas de prejudicá-lo politicamente.

Geller, anteriormente encarregado da área de Política Agrícola, negou ter tido qualquer responsabilidade sobre o leilão, afirmando que não esteve envolvido em sua elaboração. Em contradição ao ministro Carlos Fávaro, ele negou ter solicitado sua exoneração do cargo, alegando que seu pedido foi ignorado após o anúncio da demissão.

Em declarações à Folha, Geller enfatizou que, em sua visão, as denúncias sobre o leilão foram amplificadas para prejudicá-lo pessoalmente. Ele se recusou a assumir a culpa pelo fracasso do evento, atribuindo-o a uma má condução política e apontando para uma possível tentativa de desviar a responsabilidade para ele.

A anulação do leilão para a importação de arroz pelo governo Lula foi anunciada após críticas e controvérsias, incluindo a revelação de que entre os vencedores estavam uma loja de leites e um empresário envolvido em casos de propina. Essas suspeitas também respingaram em Geller, cuja saída do cargo coincidiu com a anulação do leilão, alimentando especulações sobre sua suposta ligação com o incidente.

Relatórios mostraram que empresas ligadas ao ex-assessor de Geller intermediaram a venda de grande parte do arroz importado. Embora Geller tenha se esquivado de assumir responsabilidades diretas, seus comentários indicam que ele se sente injustiçado e que seu papel no governo foi mal compreendido.

O ex-secretário evitou apontar culpados específicos pela condução do leilão, mas destacou que defendeu posições mais cautelosas em relação à importação de arroz, como a redução das tarifas de importação. Ele afirmou que tentou argumentar em defesa de suas posições durante reuniões com o ministro Fávaro e o presidente Lula, mas que sua voz não foi ouvida.

Geller se recusou a comentar sobre sua relação com Fávaro e sobre se sentiu como um “bode expiatório” para a crise do arroz.

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