Delegado Matheus Laiola se defende e diz estranhar que Operação Mônaco coincida com candidatura para deputado federal

Redação Litorânea

O delegado Matheus Laiola se pronunciou após ser alvo da Operação Mônaco, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, na manhã desta terça-feira (19). Em nota, o delegado diz estranhar a operação ‘ três anos após os fatos’, no momento em que se afasta da chefia da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente de Curitiba para disputar as eleições. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em residências do delegado e de e ex-agentes da mesma unidade.

Laiola diz que não tem relação nenhuma relação direta com os envolvidos.

Recebi na manhã desta terça-feira (19), agentes do Ministério Público na minha residência. Muito estranho, pois os motivos da visita não tem qualquer relação direta comigoSão fatos ocorridos há quase 3 anos e coincidentemente no período que me afastei da chefia da DPMA e me tornei pré-candidato a Deputado Federal, os agentes foram até a minha residência para cumprir o mandado de busca e apreensão”, comentou em nota. 

A defesa de Laiola, assumida pelo advogado Ygor Salmen, também se manifestou dizendo por meio de nota que “que se trata de uma investigação totalmente desarrazoada, oriunda de uma denúncia anônima, ocorrida há mais de 5 (cinco) anos, que sequer menciona o seu nome e é alvo de diversos questionamentos perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná”.

O delegado Matheus Laiola, ex-chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, e mais três investigadores – da mesma unidade – são alvos da Operação Mônaco, deflagrada nesta terça-feira (19), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. A suspeita é de concussão, crime praticado por servidor público que usa de sua função pra exigir vantagem indevida. A operação cumpre mandados de busca e apreensão. Não há mandados de prisão.

O procurador de Justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, disse em entrevista à assessoria do MP que os suspeitos são investigados por obrigar um dono de posto de combustíveis a pagar um valor para não haver fiscalização.

“A situação atual veio até o Gaeco, por meio de uma denúncia, que na delegacia pediam dinheiro para não cumprir a função de fiscalização de empresas. Nesta situação específica, nós apuramos que o proprietário de um rede de postos foi envolvido nessa situação de pagamento de propina. Foi levado um funcionário do posto, obrigado a ir à delegacia, ficou lá por horas, até que o proprietário do posto, nesses R$ 50 mil exigidos R$ 10 mil de propina, em face dessa extorsão”, disse.

Os fatos investigados ocorreram em fevereiro de 2019 e envolvem o então delegado-chefe da unidade, Matheus Laiola, e três investigadores ligados à Delegacia na época – dois deles já se aposentaram, e o terceiro está atualmente em outra delegacia. Um quarto investigador já tinha sido alvo de mandado de busca na primeira fase da operação. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Criminal de Curitiba.

Os investigados nunca formalizaram a notificação aos funcionários em lugar nenhum. “Temos vários outros elementos a partir daí. Uma notificação que nunca era formalizada em nenhum lugar”, completou.

As investigações do Gaeco apuram possível crime de concussão (crime praticado pelo servidor público que usa de sua função para exigir vantagem indevida). A pretexto de haver irregularidades em um dos postos de combustíveis de uma rede, o grupo teria apreendido um funcionário do posto, encaminhando-o à Delegacia, onde o teriam retido por cerca de seis horas numa sala, exigindo inicialmente R$ 50 mil para liberá-lo – quantia depois diminuída para R$ 10 mil e que teria sido paga em dinheiro pelo dono do posto ao grupo de policiais para o funcionário ser liberado.

Defesa de Laiola

Também na manhã desta terça-feira, o advogado Ygor Salmen, que assumiu a defesa de Matheus Laiola, enviou nota criticando a operação:

“Na qualidade de advogado do Dr. MATHEUS ARAUJO LAIOLA, referente a busca e apreensão ocorrida na presente data, informo que se trata de uma investigação totalmente desarrazoada, oriunda de uma denúncia anônima, ocorrida há mais de 5 (cinco) anos, que sequer menciona o seu nome e é alvo de diversos questionamentos perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

O deferimento de uma medida cautelar sem a realização de uma oitiva prévia, qualquer fato contemporâneo e com uma decisão totalmente genérica, causa estranheza e perplexidade, ainda mais próximo ao período eleitoral, o que, por evidente, levanta uma série de questionamentos.

Confiamos plenamente no Poder Judiciário e sabemos da sua plena inocência, uma pessoa idônea, que nunca teve qualquer problema criminal, tem dedicado à sua vida ao meio ambiente e, em breve, certamente vai construir um legado em Brasília”, diz o advogado.

Nota divulgada pelo delegado Matheus Laiola

“Recebi na manhã desta terça-feira (19), agentes do Ministério Público na minha residência.

Muito estranho, pois os motivos da visita não tem qualquer relação direta comigo. São fatos ocorridos há quase 3 anos e coincidentemente no período que me afastei da chefia da DPMA e me tornei pré-candidato a Deputado Federal, os agentes foram até a minha residência para cumprir o mandado de busca e apreensão.

Sempre colaborando com qualquer investigação, entreguei os objetos solicitados. Reforço que estou sereno e confio plenamente na Justiça, no entanto, não iremos ficar calados diante de tal denúncia que partiu de pessoas maldosas e que nada fizeram pelo bem da comunidade.

Agradeço desde já o apoio de todos, e seguiremos ainda mais fortes no objetivo de servir e compartilhar boas ações.

Nada vai me desmotivar na luta pela causa animal.

Nada vai me tirar a vontade de mudar efetivamente a proteção animal no Paraná e no Brasil.

Obrigado!”, diz a nota.

Polícia Civil

Leia a nota da Polícia Civil do Paraná:

“A Polícia Civil do Paraná participou do cumprimento dos mandados de busca referentes a investigação do Gaeco, nesta terça-feira (19). A Corregedoria da PCPR conduz as investigações de cunho administrativo para apurar eventuais infrações por parte dos servidores. A PCPR pauta suas ações na retidão ética e técnico-profissional, não compactuando com desvios de conduta.”

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