Conselho de Medicina revela: atuação de supostos estudantes em Guaratuba é irregular e sem aval

Bia Borges
Foto: Prefeitura de Guaratuba

A verdade prevaleceu e, como diz o ditado, a mentira tem perna curta. O caso dos 29 acadêmicos de medicina, que supostamente atuariam nas Unidades de Saúde de Guaratuba, ganhou novos capítulos e trouxe à tona ainda mais questionamentos sobre a transparência da atual gestão municipal.

Após a equipe de jornalismo da Rádio Litorânea revelar que nenhuma das faculdades citadas possuía convênio ou parceria com a Prefeitura de Guaratuba, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) se manifestou no último dia 29 de agosto.

Em nota oficial, o CRM-PR declarou estar ciente da atuação irregular de supostos estudantes de medicina em unidades de Paranaguá e Guaratuba. A autarquia garantiu que está adotando medidas para coibir a prática e alertou os médicos da rede pública, “permitir ou compactuar com situações desse tipo pode configurar infração ao Código de Ética Médica”. Além disso, o conselho orientou que denúncias sejam formalizadas diretamente ao órgão.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) realizou, nesta terça-feira (2), reunião com representantes da instituição de ensino responsável pelos estudantes que estariam atuando em Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento de Guaratuba. A reunião também contou com a presença de representante da Secretaria Municipal de Saúde.

O CRM-PR analisará os esclarecimentos apresentados e aguarda o envio, por parte da instituição, de toda a documentação contratual relacionada ao caso, para avaliação detalhada pela autarquia.

Por orientação do Conselho à Secretaria de Saúde, as atividades dos estudantes nas unidades de saúde ficarão suspensas temporariamente, até que todos os esclarecimentos sejam prestados e os ajustes necessários sejam efetivados.

A repercussão foi imediata. Pouco tempo depois da primeira denúncia vir à tona, a Prefeitura de Guaratuba apagou todas as publicações envolvendo os supostos alunos de medicina das redes sociais oficiais, levantando ainda mais suspeitas.

Passados 22 dias desde o anúncio dos “novos médicos”, a Secretaria de Saúde do município informou que o acordo foi suspenso para regularização de documentos. Já o Grupo Assistencial Solução, envolvido no caso, afirmou estar providenciando a documentação exigida para envio ao CRM-PR.

O que está claro até agora é que o CRM-PR não tinha conhecimento do suposto convênio e que, de fato, nenhuma das faculdades mencionadas possuía parceria firmada com o município. A revelação deixa a população indignada, uma mentira criada, que alimentou expectativas de reforço no atendimento à saúde, desmoronou e expôs ainda mais a fragilidade do sistema local.

A pergunta que fica é, se nada tivesse sido revelado, como estaria funcionando a saúde de Guaratuba? Pacientes correndo risco com atendimentos realizados por estudantes sem autorização?

O escândalo escancarou a crise e a falta de transparência que marcam a atual gestão da saúde municipal.

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