Congresso derruba veto do Marco Temporal com apoio de lideranças ligadas ao governo

Cleomar Diesel
Foto: Waldemir Barreto/Ag. Senado

Em uma decisão marcante, o Congresso Nacional reverteu os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei que estabelece a tese do marco temporal das terras indígenas. O resultado da votação, com 53 senadores e 321 deputados a favor da derrubada dos vetos, demonstra a importância atribuída por uma significativa maioria legislativa a essa abordagem.

A tese do marco temporal sustenta que os indígenas terão direito ao território que ocupavam na promulgação da Constituição, em outubro de 1988. Esta medida, apesar de ter sido considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), encontrou apoio substancial no Congresso Nacional. Para o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), essa decisão é crucial para a exploração econômica dos territórios do Brasil.

Heinze argumenta que a extensão territorial destinada aos indígenas no país é excepcionalmente alta, atingindo 114 milhões de hectares, e que a busca por aumentar ainda mais essas áreas prejudicaria o desenvolvimento econômico. Ele destaca a necessidade de equilibrar a preservação ambiental e os interesses econômicos, indicando que o Brasil já enfrenta restrições significativas com reservas indígenas, parques nacionais e áreas de preservação.

Segundo dados da Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai), as 736 terras indígenas registradas representam 13% do território brasileiro, totalizando aproximadamente 117 milhões de hectares. Considerando o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta quase 900 mil indígenas em 305 etnias, a decisão do Congresso busca equilibrar a preservação cultural com as demandas econômicas do país.

Essa vitória no Congresso, aliada à derrubada de outro veto presidencial relacionado à prorrogação da desoneração da folha de pagamento, reflete uma posição que visa estimular o desenvolvimento econômico e preservar a estabilidade fiscal da União. Resta agora observar como essas decisões moldarão o cenário político e econômico do Brasil nos próximos anos.

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