Como um carrapato mudou o destino das praias brasileiras: a história divertida de Dom João VI e o banho de mar

Cleomar Diesel
Reprodução -Litorânea

Antes de 1810, se alguém dissesse que um dia as praias brasileiras estariam lotadas de gente bronzeada, surfistas pegando onda, a resposta seria uma risada. Afinal, até então, banho de mar no Brasil? Nem pensar! Mas tudo mudou graças a um carrapato e o rei dom João VI. Sim, isso mesmo!

Naquele ano, o monarca português, que havia fugido para o Brasil, enfrentava um problema “pitoresco”: uma infecção causada por um carrapato em sua perna real. Desesperados para curar o rei, seus médicos, inspirados pela última moda medicinal europeia, sugeriram um banho de mar terapêutico. Lá foi Dom João, no maior estilo “nobre que não gosta de água”, até a Praia do Caju, no Rio de Janeiro.

Mas, claro, o rei tinha seus caprichos. Com medo dos caranguejos (afinal, não era qualquer um que podia enfrentar tais bestas marinhas), dom João entrou na água… dentro de um barril! Sim, um barril fechado na parte de baixo e com um buraquinho na lateral para deixar a água entrar. Somente as pernas do rei podiam sentir o mar, mas, adivinhem? Funcionou! O carrapato foi derrotado, e o rei inaugurou, sem querer, o costume do banho de mar no Brasil.

Enquanto na Europa, senhoras e cavalheiros já aproveitavam os “milagres” da água salgada para curar tudo, de resfriados a problemas mentais, por aqui, a coisa só começou de verdade depois do sucesso real. A partir daí, a corte portuguesa adotou o hábito, e casas de banho terapêuticas começaram a surgir no Rio de Janeiro. Para quem quisesse curtir um mergulho, o preço era salgado: 320 réis, o dobro de um ingresso para o Circo Olímpico!

Mas não pense que a vida de banhista era fácil. Na década de 1920, pegar praia em horários fora dos permitidos podia resultar em multa ou até cinco dias de cadeia! O horário de verão era rigoroso: só se podia nadar das 5h às 8h da manhã e das 17h às 19h da tarde. Se alguém se empolgasse e quisesse esticar um pouco, já era.

Com o tempo, os esportes aquáticos ajudaram a popularizar o uso do maiô, que, aliás, também foi polêmico. A primeira mulher a desafiar o bom senso da época foi a nadadora olímpica Annette Kellerman, que apareceu em 1912, com um maiô justo, mostrando que a praia era para todos – e para todos os trajes também!

Hoje, quando você se joga no mar e curte um dia ensolarado na areia, pode agradecer a um carrapato teimoso e ao rei dom João VI. Porque, no final das contas, quem diria que a moda de lagartear na praia começaria com um barril?

Fonte: https://l1nq.com/sRDX7

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