Na última quarta-feira, 12 de outubro, o Brasil apoiou uma resolução que condena a anexação unilateral de quatro regiões da Ucrânia à Rússia, pelo Presidente Vladimir Putin; o apoio aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a ONU, e se deu após pressões internacionais em decorrência das consecutivas abstenções do País nas reuniões anteriores quando o assunto era Rússia.
A resolução, “Integridade Territorial da Ucrânia: Defendendo os Princípios da Carta da ONU”, diz que as regiões “são áreas que, em parte, estão ou estiveram sob o controle militar temporário da Federação Russa, como resultado de agressão, violação da soberania, independência política e integridade territorial da Ucrânia”.
De acordo com informações, a iniciativa, apresentada pelos representantes de Kiev, foi aprovada com ampla maioria durante a última Assembleia Geral da ONU, sinal da condenação internacional às ações do Governo russo em um momento de acirramento da ocupação que já dura oito meses.
O texto também expressa preocupação com os “chamados referendos ilegais” que tentam “modificar as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia”; um dos trechos exige que a Rússia retire suas tropas e “reverta imediata e incondicionalmente” a ocupação e as anexações.
A resolução recebeu 143 votos favoráveis e 05 contrários, além da própria Rússia, votaram contra a Bielorrússia, Coreia do Norte, Nicarágua e Síria; outras 35 nações se abstiveram na votação, entre elas China e índia, que zelam por boas relações com o Kremlin.
A medida aprovada na última Assembleia Geral da ONU é bastante semelhante a resolução bloqueada pela Rússia no último Conselho de Segurança, ocorrido no último dia 30 de setembro, como é um dos cinco integrantes permanentes do Órgão, Moscou tem o poder de veto.
No início da ocupação o Governo brasileiro condenou as ações de Putin, porém, desde então o Brasil vinha adotando uma posição de neutralidade nas reuniões que participou, como por exemplo, o País não cedeu às pressões de europeus e americanos para que respaldasse sanções e enviasse armas a Kiev.
Outro exemplo que expõe a neutralidade brasileira, na última sexta-feira, 07 de outubro, o Brasil se absteve em relação a criação de uma relatoria especial no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para monitorar a repressão a opositores do regime de Putin.
Ao explicar a posição do Brasil na Assembleia, o Embaixador João Genésio de Almeida Filho alegou que o País optou em votar favorável pois “defendemos o princípio da integridade territorial da Ucrânia, como de todos os Estados-membros” da Organização das Nações Unidas.
As recentes posições da diplomacia brasileira nas Assembleias causaram mal-estar na relação do País com os Estados Unidos e com países da União Europeia; o bloco insiste na necessidade de o Brasil adotar uma posição mais crítica sobre a Rússia, depois de o Governo Bolsonaro ter evitado questionar o Kremlin.