Em todo o Paraná, 100 alunos da rede estadual de ensino estão finalizando os preparativos para um intercâmbio no Canadá. A viagem faz parte do programa Ganhando o Mundo, iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR), que oferece a estudantes do Ensino Médio uma formação em instituições de ensino estrangeiras que tenham curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
Todos os jovens selecionados com base em um um ranking de melhores notas entre as escolas já retiraram seus passaportes e agora aguardam as próximas etapas para embarcarem no início de fevereiro. O intercâmbio terá duração de um semestre letivo e os estudantes retornam para cursar o segundo semestre em seus respectivos colégios.
Uma das alunas a ter acesso ao documento foi Rebecca Geovanna Mota Lima, estudante do Colégio Estadual Professora Jaci Real de Oliveira, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, que o retirou nesta quinta-feira (6), no posto de emissão de passaportes da Polícia Federal no shopping Pátio Batel. Aos 15 anos, Rebecca cursa o 2º ano do Ensino Médio, e já está com o passaporte em mãos para embarcar. Segundo ela, o processo para preparar toda a documentação foi simples. “Foi tudo digital. Vai no WhatsApp, manda todos os documentos e já sai online. Bem tranquilo”, afirmou.
Para viabilizar a documentação, o Estado fez uma parceria com oito delegacias, que aceleraram ao máximo as etapas. Além disso, a Secretaria da Educação contratou uma empresa que ficou responsável por todo o auxílio aos estudantes. Um técnico foi disponibilizado para cada núcleo regional.“ Os alunos estão super ansiosos, mas percebemos os pais ainda mais, o que é natural.
A maioria nunca fez grandes viagens, por isso um técnico de cada Núcleo Regional é responsável por acompanhar a família. Está sendo uma experiência única para todos”, ressaltou o coordenador de Articulação Acadêmica da Seed-PR, Marlon de Campos Mateus.
Os estudantes agora irão até São Paulo para finalizar o processo do visto. Após a conclusão, estarão prontos para o embarque, previsto para o dia 9 de fevereiro. As cidades ainda não foram divulgadas, mas as escolas já foram pré-selecionadas. A empresa responsável por assessorar os alunos disponibilizará uma equipe para acompanhá-los durante a chegada ao país e auxiliá-los com os desafios do novo idioma.
CUSTOS – O Estado bancou com todas as despesas, como emissão de passaportes e vistos, exames médicos e vacinas, passagens aéreas e terrestres, transporte, hospedagem, seguro-viagem e saúde, além dos custos relacionados à parte acadêmica, como taxa de matrícula, tradução juramentada da documentação escolar, mensalidade da escola, material didático e uniforme.
Os intercambistas também terão uma ajuda de custo mensal de R$ 800. Serão seis parcelas da bolsa-intercâmbio, sendo a primeira (bolsa-instalação) para cobrir despesas iniciais na chegada, e as demais, repassadas mês a mês.
OPORTUNIDADE – Rebecca não imaginava que teria a oportunidade de realizar o sonho do intercâmbio tão cedo. “Comecei a chorar, e minha mãe me perguntou o motivo, aí gritamos de felicidade. É uma sensação única”, comemorou. A notícia chegou em fevereiro do ano passado. Em junho, Adinalva Mota, mãe de Rebecca, morreu aos 51 anos, vítima da Covid-19.
“Era o sonho dela e da mãe. O programa vai ser muito bom, foi uma porta que abriu que a gente não esperava”, afirmou a tia e responsável por Rebecca, Adineia Mota. A estudante então decidiu realizar o sonho da mãe. “Eu não podia parar. Meu foco foi curso e escola, então deixei meus sentimentos de lado, porque foi o último desejo da minha mãe, que fosse para esse intercâmbio”, disse.
A aluna faz questão de ressaltar que a experiência pode contribuir para o seu futuro, já que sonha em se tornar psicóloga. “O inglês é uma língua universal. Quero atender pessoas de outros países. Saber falar outra língua para mim é muito importante, pois quero ajudar todo mundo”.
Ela ainda destaca a importância das mudanças e dá uma dica para outros jovens que têm vontade de buscar oportunidades fora do País. “Acho que não ter medo e ir atrás desse sonho de crescer, de mudar, de aprender uma língua nova, conhecer um novo país, é muito importante e ajuda a gente sempre”, declarou.
GANHANDO O MUNDO – Instituído pela Lei nº 20.009/2019, o Programa de Intercâmbio Internacional Ganhando o Mundo foi criado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. Os alunos foram selecionados no início de 2021 para o intercâmbio. Viajariam inicialmente em agosto do mesmo ano, mas tiveram que adiar a viagem por conta das medidas sanitárias impostas pela pandemia. Em função disso, o destino dos estudantes, que era a Nova Zelândia, com medidas restritivas mais drásticas, mudou para o Canadá.
A seleção foi feita com base na média de notas e frequência. Os critérios eram média maior ou igual a sete (7,0) em todas as matérias e frequência maior ou igual a 85%. Para chegar à pontuação final, foram somadas as médias de todas as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) cursadas em 2020 no 9º ano.
Para aperfeiçoar o idioma, em 2021, os selecionados tiveram acesso a um curso de inglês via aplicativo, ofertado em parceria com as universidades estaduais vinculadas à Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Foram seis módulos de 40 horas, totalizando 240h de aprendizado em um formato autoinstrutivo, baseado em desafios que consideram a perspectiva da aprendizagem por vivência social e cultural.