Advogado da família denuncia omissão, ameaça política e cobra justiça em entrevista na Litorânea FM após morte de jovem por falta de socorro no litoral do Paraná

Morte por falta de socorro gera indignação e crise política em Guaratuba Cristhian Amaral de Oliveira, 23 anos, morador da Avenida Ivaí, bairro Piçarras, morreu após esperar por socorro que nunca chegou; mãe denuncia omissão, negligência e pressão política

Marcello Fuja Loko
Foto: Redes Sociais


A morte trágica do jovem Cristhian Amaral de Oliveira, de 23 anos, morador da Avenida Ivaí, no bairro Piçarras, em Guaratuba, no litoral do Paraná, provocou forte comoção popular e abriu uma grave crise no sistema de saúde e na política local. Cristhian morreu sem receber atendimento médico após uma sequência de falhas no socorro de emergência, expondo um cenário de omissão, negligência e abandono.

O caso, que já está sendo investigado pela Polícia Civil, trouxe à tona denúncias não apenas contra o serviço de saúde municipal, mas também de pressões políticas sofridas pela mãe do jovem, Josiane Amaral de Souza, que criou Cristhian desde pequeno como seu filho.

Na manhã desta terça-feira (13), o advogado da família, Piero Madalozzo, esteve nos estúdios da Rádio Litorânea FM, em entrevista ao comunicador Marcello “Fuja Loko”. Emocionado, Madalozzo relatou o drama vivido por Josiane, que presenciou a morte do filho sem conseguir qualquer apoio imediato.

“Josiane tentou desesperadamente contato pelo 192, mas as ligações não foram atendidas. Ao correr até o pronto-socorro municipal, encontrou duas ambulâncias paradas, com profissionais no local, mas sem qualquer movimentação para salvar seu filho. É revoltante. Um descaso que custou uma vida”, afirmou o advogado.

O registro policial já foi feito, e as investigações buscam identificar responsabilidades. Segundo Madalozzo, a situação é ainda mais grave por envolver possíveis ameaças políticas. “Durante o velório do Cristhian, a família foi abordada pelo vereador André Montemezzo, que alertou Josiane para ‘ter cuidado com postagens em redes sociais’. Isso não apenas é uma afronta ao direito de expressão, mas também uma tentativa de silenciar uma mãe em luto”, destacou.

De acordo com o advogado, a situação se agravou ainda mais durante o sepultamento, quando Josiane recebeu uma ligação do vereador, em tom agressivo e desrespeitoso. “Foi uma ligação ofensiva em pleno momento do sepultamento. Depois, tentaram insinuar que o não atendimento teria sido por questões políticas, já que Josiane não apoiou o grupo político do vereador nas últimas eleições. Isso é covardia”, denunciou Madalozzo.

A crise também atingiu o setor administrativo da saúde. Durante sessão na Câmara Municipal, a vereadora Adriana Fontes revelou que já existe verba disponível para a compra de uma ambulância nova, mas a licitação sequer foi iniciada. “É brincar com a vida das pessoas. Já estamos há seis meses de gestão, e nada foi feito”, lamentou o advogado.

Para Madalozzo, o episódio escancara não apenas falhas técnicas, mas uma crise de gestão pública e política no município. “O povo está à mercê de disputas políticas mesquinhas enquanto vidas são perdidas. A Câmara fez um afastamento simbólico do vereador André Montemezzo da liderança do governo, mas isso é muito pouco diante da gravidade dos fatos. Foi um puxão de orelha que não respeita a dor de uma mãe e de toda a população”, criticou.

Josiane Amaral de Souza, em meio à dor pela perda irreparável, reforça que lutará por justiça até o fim. “Não aceito que tentem calar minha voz ou transformar a morte do meu filho em briga política. Meu filho era um ser humano, não bandeira eleitoral. Quero justiça, para que nenhuma outra mãe passe pelo que estou passando”, desabafou.

A população acompanha o caso com revolta e indignação, cobrando respostas urgentes e ações concretas para que tragédias como essa não voltem a acontecer em Guaratuba.

Compartilhe este Artigo