Auditores fiscais do Ministério do Trabalho interditaram, nesta quarta-feira (3), uma das principais esteiras aéreas para o transporte de grãos aos navios no Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná. O equipamento é responsável por toda a operação do Terminal de Exportação do Corredor Leste, conforme matéria veiculada na Banda B.
De acordo com os agentes, a estrutura apresentava graves problemas de manutenção, com acúmulo exagerado de poeira, o que ocasionaria risco de explosão. A empresa responsável pela estrutura já foi notificada e deverá tomar todas as medidas exigidas por parte da fiscalização para que a esteira volte a operar normalmente, ainda de acordo com a Banda B.
A interdição não deve interromper completamente as operações de escoamento da safra no Porto de Paranaguá, mas deve ocasionar a redução na eficiência deste processo, o que irá gerar acúmulo de navios e maior tempo de abastecimento e exportação.
De acordo com o auditor Diego Alfaro, que também atua na coordenação da operação, também foram identificadas falhas no registro e certificação de materiais e equipamentos.
“Durante a fiscalização identificamos em uma dessas esteiras aéreas uma quantidade de acúmulo de poeira muito acima do normal, de até 20 centímetros, quando o máximo permitido pelas normais brasileiras é de apenas meio centímetro. O nível estava tão elevado que poderia gerar uma concentração de gases nesses locais, com um iminente risco de explosão com qualquer faísca”, explicou o auditor.
Ainda segundo ele, para piorar, não havia registro ou certificação dos materiais, dos equipamentos, luminárias ou maquinários que fossem adequados para essa área classificada de risco.
“As áreas classificadas são aquelas áreas que exigem uma atenção especial com maquinário, iluminação, aterramento, justamente para não gerar um aumento de temperatura ou uma faísca que venha a gerar um incêndio ou até uma explosão. Já tivemos alguns sinais com incêndios recentes que ocorreram na área”, afirmou o fiscal.
Como as áreas estão todas interligadas, um acidente desse tipo poderia alastrar rapidamente o fogo para outros locais.
“Esse acúmulo de irregularidades combinado com a falta de proteção ou adequação do maquinário para a área classificada, nos levou a fazer essa interdição”, concluiu.
A fiscalização continua ao longo do dia e, caso sejam constatadas novas irregularidades nas demais áreas, outras interdições podem ocorrer.
Incêndio recente
A operação acontece pouco mais de um mês após um incêndio ocorrido no dia 23 de fevereiro na TC5, uma das 06 correias do corredor de exportação no Porto de Paranaguá que abastece o berço 214. Na ocasião, as operações no local foram temporariamente suspensas. Ninguém ficou ferido. As causas do incêndio são investigadas.
De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), o incidente trouxe indícios de irregularidades nas operações, além de outras denúncias anônimas que foram recebidas pelo órgão. Algumas das empresas fiscalizadas nesta ação de hoje já foram notificadas em uma inspeção realizada em anos anteriores. Na ocasião, os problemas foram sanados. No período da pandemia as fiscalizações deixaram de acontecer com freqüência e esse trabalho deverá ser retomado com um maior número de ações a partir de agora.
Denúncias
Denúncias anônimas sobre irregularidades trabalhistas podem ser feitas pelo site criado para esse tipo de informação. Os dados pessoais informados ao registrar uma denúncia são sigilosos e não serão divulgados no curso de uma possível fiscalização. Caso seja uma denúncia específica de trabalho análogo ao de escravo, não é exigida a identificação do denunciante.