Funcionários da saúde de Guaratuba denunciam descaso e cortes

Marcello Fuja Loko

Funcionários da saúde de Guaratuba denunciam descaso e cortes de direitos
Servidores concursados relatam promessas não cumpridas, retirada de plantões noturnos e até falta de alimentação nos plantões

A saúde pública de Guaratuba está no centro de uma grave denúncia. Funcionários concursados da Secretaria Municipal de Saúde procuraram o jornalismo da Rádio Litorânea FM para relatar situações de desrespeito, descaso e perda de direitos.

Com medo de perseguições, os servidores pediram para não terem seus nomes revelados, mas disseram confiar no veículo de comunicação para tornar pública a realidade enfrentada por quem atua diariamente na linha de frente do atendimento à população.

Promessas não cumpridas

De acordo com os relatos, durante a campanha eleitoral o prefeito e a vice-prefeita se comprometeram a valorizar os profissionais da saúde. No entanto, as promessas não se concretizaram.

O piso salarial da enfermagem estaria sendo pago de forma incorreta e benefícios previstos no plano de cargos e salários seguem atrasados. “Mais uma vez fomos enganados. Falaram em melhorias para a saúde, mas a realidade é outra”, afirmam.

Concursados fora das escalas noturnas

A indignação cresceu após uma determinação do novo secretário de Saúde, nomeado há menos de dois meses. Sem sequer visitar os locais de trabalho para conhecer a rotina, o secretário teria ordenado a retirada de enfermeiros e técnicos concursados das escalas noturnas.

Os plantões, segundo os servidores, vêm sendo assumidos por credenciados — profissionais contratados sem direitos trabalhistas garantidos. Eles não recebem adicional noturno, não têm férias, não podem apresentar atestados médicos e ainda trabalham em condições precárias.

“É uma economia às custas da dignidade dos concursados e da exploração dos credenciados. Isso desvaloriza todo o serviço de saúde”, protestam.

Condições precárias e até falta de alimentação

Outro ponto relatado foi a precariedade nas condições de trabalho. Nos últimos plantões, profissionais do Hospital Municipal e do Pronto Socorro teriam ficado sem refeições adequadas.

“Houve dias em que recebemos apenas uma panela de sopa como refeição. É um desrespeito total com quem passa horas trabalhando para atender a população”, denunciam.

Impacto no atendimento à população

Atualmente, apenas 17 concursados estão nas escalas. A retirada desses profissionais dos plantões noturnos, segundo eles, prejudica diretamente a qualidade do atendimento.

“Se a Prefeitura não valoriza seus servidores efetivos, como poderá garantir uma saúde de qualidade para a população de Guaratuba?”, questionam.

Clima de insegurança

O sentimento entre os trabalhadores é de desvalorização e insegurança. “Somos tratados como números descartáveis. Trabalhamos no limite, mas sem o mínimo de reconhecimento. A saúde pede socorro”, concluem os servidores em contato com a reportagem da Rádio Litorânea FM.

Depoimentos de funcionários

Durante o contato com a reportagem, alguns servidores relataram preocupações específicas sobre os rumos da saúde no município:

“Gente, colocarem pessoas inexperientes nestes setores é pedir pra ter problemas. Não que o iniciante não possa aprender, mas jogar tudo pra eles é tão injusto quanto tirar nosso horário de trabalho.”

“Mas maternidade e pronto-socorro são de média e alta complexidade. Não é justo nem seguro colocar apenas credenciados sem experiência suficiente nesses locais.”

“Se deixassem de pagar gratificação a cargos comissionados e apadrinhados, o orçamento não entraria em colapso. O problema não está nos concursados, e sim na forma como a gestão distribui os recursos.”

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