O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em ação integrada com a Polícia Federal, cumpriu 16 mandados judiciais na Terra Indígena (TI) Mangueirinha, localizada na região centro-sul do Paraná, nessa quinta-feira (21). Os mandados incluíram prisões, buscas e apreensões contra envolvidos em atividades ilegais de exploração e comércio de madeira nativa, principalmente de araucária (Araucaria angustifolia).
Entre os alvos, está um líder indígena da TI Mangueirinha. De acordo com as investigações da polícia, o indígena era responsável pelo comércio ilegal de madeira.
A araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná, é uma espécie ameaçada de extinção e tem seu corte proibido pela legislação. Nos últimos anos, a exploração ilegal da árvore vem ocorrendo de forma intensa no território indígena.
A operação deflagrada é fruto de ações de fiscalização realizadas pelo Ibama desde 2022, quando se intensificaram os ilícitos na área. O objetivo é combater a extração irregular e coibir o comércio da madeira nos municípios vizinhos à Terra Indígena Mangueirinha.
Multas, apreensões e embargos
De 2022 até agosto de 2025, o Ibama aplicou 33 multas, que somam aproximadamente R$ 2,5 milhões. Nesse período, as ações resultaram no embargo de 132 hectares e na apreensão de 250 metros cúbicos de madeira, 12 motosserras, oito veículos (incluindo caminhões, carros, motos e tratores) e uma serraria móvel.
As operações foram realizadas tanto na TI, quanto em serrarias e madeireiras suspeitas de receber madeira ilegal. Desde 2022, dez empresas do setor foram fiscalizadas, e três pessoas já haviam sido flagradas e conduzidas à Polícia Federal antes mesmo da operação desta semana.
Apoio às investigações
Além da aplicação de autos de infração e embargos, os processos administrativos instaurados pelo Ibama e a apreensão de equipamentos como celulares forneceram elementos importantes para a investigação da Polícia Federal. Esses dados ajudaram a identificar uma rede de envolvidos na cadeia ilegal de extração e comércio da madeira, o que resultou na expedição dos mandados judiciais.
Por ser uma espécie em risco, a comercialização da araucária é altamente controlada. O Ibama reforça que compradores de madeira devem sempre exigir o Documento de Origem Florestal (DOF), obrigatório em todas as etapas da cadeia produtiva, da extração ao consumo final. O documento é a garantia da procedência legal da madeira.
Últimos remanescentes da floresta de Araucária
A TI Mangueirinha está inserida no bioma Mata Atlântica, em uma região que abriga os últimos remanescentes da floresta com araucária. Dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) indicam que apenas 0,8% da vegetação em estágio avançado de regeneração permanece preservada no Paraná.