Vereador de Guaratuba é acusado de ofender mãe durante sepultamento do filho: “Me chamou de safada”, denuncia Josiane Amaral

Marcello Fuja Loko
Foto: Odilon Cezar

O que já era uma tragédia marcada pela dor e pelo sentimento de injustiça tomou proporções ainda mais graves. Um vídeo e áudios que circularam nesta semana revelam que o vereador André Montemezzo, líder do prefeito Maurício Lense na Câmara Municipal, teria ofendido verbalmente Josiane Amaral de Souza, mãe do jovem de 23 anos que faleceu no dia 6 de maio, supostamente por falta de socorro do SAMU.

Josiane relatou que o vereador foi até a residência da família no momento do sepultamento do filho, no dia 7 de maio, e que, além de confrontá-la por postagens nas redes sociais, teria a chamado de “safada”, num momento de profunda dor e luto.“Ele apareceu aqui como se nada tivesse acontecido. Não respeitou nem a dor de uma mãe enterrando o filho”, contou uma vizinha da família em entrevista à Rádio Litorânea FM. A testemunha confirmou que o vereador chegou e causou ainda mais revolta nos presentes.

Em um áudio obtido com exclusividade pela reportagem, é possível ouvir um homem — identificado como o vereador André Montemezzo (Líder do Prefeito)— exaltado, usando palavras ofensivas contra Josiane. O material gerou indignação nas redes sociais e reacendeu o debate sobre o comportamento de autoridades diante de tragédias familiares e falhas no sistema público de saúde.A polêmica começou logo após Josiane denunciar publicamente que seu filho morreu após não receber atendimento adequado do SAMU.

Segundo ela, mesmo após várias ligações, nenhuma ambulância foi enviada, obrigando-a a levá-lo em carro particular até o Pronto Socorro, onde ele faleceu pouco depois de dar entrada. No local, duas ambulâncias estavam paradas, mas, segundo relatos, “não eram destinadas à esse tipo de atendimento”.Em resposta à repercussão, o vereador Montemezzo chegou a declarar em vídeo que não conhecia Josiane e acusou a Rádio Litorânea FM — que vem acompanhando o caso desde o início — de divulgar “inverdades”. “E agora, quem é que está falando a verdade?”, questionou a equipe de jornalismo da emissora. “Contra fatos não há argumentos”, afirmou o repórter Marcello Fuja Loko, que entrevistou a mãe , Avò e vizinha com exclusividade.Até o fechamento desta matéria, o vereador não havia se pronunciado oficialmente sobre o áudio vazado. 

A Secretaria Municipal de Saúde também não respondeu aos pedidos de esclarecimento enviados pela imprensa .Enquanto isso, o clima na cidade é de indignação e solidariedade à família de Josiane.

Organizações locais e cidadãos cobram apuração rigorosa dos fatos, tanto sobre a falha no atendimento de emergência quanto sobre a conduta do vereador. “O dia 6 de maio nunca mais vai sair da nossa memória. Meu filho morreu implorando por socorro. Agora, além da perda, sou atacada por um político da cidade. Isso é desumano”, desabafou Josiane Amaral de Souza, ainda visivelmente abalada. A população aguarda por justiça — não só pela morte precoce do jovem, mas também pelo respeito à dor de uma mãe que, no pior momento de sua vida, foi silenciada e humilhada.

Compartilhe este Artigo