Um acontecimento inédito chamou a atenção dos pesquisadores em Santa Catarina: uma ave oceânica migratória, conhecida como pardela-do-bico-amarelo (Calonectris diomedea borealis), foi descoberta morta na praia de Ubatuba, em São Francisco do Sul, pelo PMP-BS/Univille (Projeto de Monitoramento de Praias).
O espécime, anilhado para identificação, foi localizado em abril, mas a ocorrência só foi divulgada pelo projeto na última sexta-feira (7). Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que a ave era originária de Portugal, marcando o primeiro registro dessa espécie com anilha portuguesa na região.
De acordo com os registros, a ave foi anilhada ainda como filhote na Ilha Selvagem Grande, pertencente ao arquipélago da Madeira, em Portugal, em setembro de 2022. Incrivelmente, os indicadores revelam que ela percorreu uma distância de 7.158 quilômetros até encalhar em território catarinense.
Para entender as circunstâncias da morte da ave, o projeto realizou uma necropsia detalhada. Durante a avaliação macroscópica, constatou-se que se tratava de uma fêmea magra, apresentando parasitas nematódeos no esôfago. No entanto, devido ao avançado estágio de decomposição, não foi possível determinar a causa exata do óbito.
A migração faz parte do ciclo de vida de diversas aves marinhas, incluindo a pardela-de-bico-amarelo. Após a época de reprodução, no inverno do hemisfério sul, elas iniciam o período migratório para o Atlântico Sul, especialmente durante o verão. Existem sete rotas migratórias conhecidas como “Flyways”, e o Brasil é o único país a abrigar duas delas.
Esse evento único destaca a importância do monitoramento das aves migratórias e ressalta a complexidade e beleza das rotas migratórias que conectam continentes distantes.
Fonte ND +