Das 163 mortes causadas pelos temporais e cheias no Rio Grande do Sul, 24 ocorreram em Canoas, cidade vizinha a Porto Alegre. O terceiro maior município do estado, com 347 mil habitantes, contabiliza mais de 100 mil pessoas fora de casa, sofrendo com as fortes chuvas dos últimos dias.
Na sexta-feira (24), moradores de Canoas bloquearam a BR-116, exigindo agilidade no bombeamento da água acumulada nos bairros. O superintendente de Infraestrutura do município, Guilherme Molin, explicou que o sistema de bombeamento está comprometido devido ao alto nível dos rios.
“A eficiência do bombeamento na situação que estamos, com a cheia do Rio Gravataí, que é para onde essas bombas jogam água, não é a mesma de quando o rio está em uma cota normal. As bombas encontram uma barreira, que é o rio cheio do outro lado, e perdem a vazão nominal de 2,5 mil litros por segundo”, argumentou Molin.
Apesar dos desafios, o trabalho das bombas tem dado algum alívio em certos bairros. No bairro Rio Branco, próximo ao Rio Jacuí, a parte mais alta já secou, permitindo que, pela primeira vez em 20 dias, os moradores acessassem suas casas para avaliar os danos causados pela água.
A prefeitura estima que a água baixe totalmente em bairros como Rio Branco, Mathias Velho e Harmonia, na zona oeste da cidade, somente no final da próxima semana, se não houver novas chuvas.
Além dos problemas com as inundações, Canoas enfrenta o aumento de doenças transmitidas por animais. Em resposta, a prefeitura montou uma força-tarefa para ajudar nos atendimentos aos bichos resgatados. Um abrigo na Secretaria do Bem-Estar Animal acolhe 1,2 mil cães, e a construção de novas baias nos pavilhões está em ritmo acelerado. O esforço recebeu apoio do Grupo de Resposta a Animais em Resgate (Gras Brasil) e do Instituto Caramelo, uma ONG de proteção animal sem fins lucrativos.
Muitos animais resgatados de áreas contaminadas chegam doentes aos abrigos e são transferidos para áreas de isolamento, visando evitar que infecções se espalhem para outros animais e também para humanos.
A cidade de Canoas continua lutando contra as consequências das cheias, buscando soluções rápidas e eficazes para minimizar o impacto nas vidas de seus moradores e na saúde pública.