Recentemente, uma espécie de ave marinha migratória chamou a atenção dos pesquisadores e amantes da natureza no litoral do Paraná. Trata-se do talha-mar (Rynchops niger), conhecido por sua forma peculiar de bico e estratégia de alimentação.
O talha-mar é capaz de “talhar” a camada superficial da água com a parte inferior do seu bico, o que o torna único em relação às outras aves marinhas. Essa característica permite que ele capture pequenos peixes e crustáceos que estão próximos à superfície. Sua ocorrência está associada a ambientes aquáticos como baías, enseadas, estuários, rios e lagoas.
Essa espécie migratória pode ser encontrada em diferentes partes do continente americano. Ela se distribui por quase toda a costa da América do Sul e da América Central, além da costa oeste da América do Norte. Além disso, também é possível encontrá-la no interior da Colômbia e na região norte do Brasil, do estado do Maranhão até o Mato Grosso.
Um importante projeto de monitoramento de praias, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, registrou ao longo de oito anos a presença de 12 indivíduos da espécie. No entanto, em 2023, uma conquista inédita aconteceu: pela primeira vez, um talha-mar reabilitado foi solto pela equipe do Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde de Fauna Marinha (CReD)/LEC/UFPR.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. No estado do Paraná, especificamente no Trecho 6, essa condicionante é realizada pela equipe LEC/UFPR, responsável por monitorar e preservar a fauna marinha local.
Essa nova conquista é mais uma prova da importância desse projeto e da equipe envolvida. O trabalho de reabilitação de animais marinhos, como o talha-mar, contribui para a conservação da biodiversidade da região e para a preservação de espécies ameaçadas de extinção.
O talha-mar se tornou um grande símbolo da riqueza natural do litoral paranaense e de sua importância como área de reprodução e alimentação de diversas espécies marinhas. A expectativa é de que as ações de conservação e monitoramento continuem, garantindo a sobrevivência e o bem-estar dessas aves migratórias e de todo o ecossistema marinho da região.
