No Brasil, a fila para transplantes de órgãos em geral é única. Ela vale tanto para pacientes do sistema público de saúde quanto privado e é organizada de acordo com a gravidade do caso, tempo de espera e tipagem sanguínea.
Atualmente, mais de 42 mil pessoas aguardam um órgão na fila, segundo dados do Ministério da Saúde. A fila respeita a ordem cronológica de inclusão dos pacientes. No entanto, alguns podem ser colocados como preferencial devido à gravidade do quadro clínico. Nesse caso, os critérios são bem estabelecidos e predeterminados pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o painel da pasta do Sistema de Transplantes do país, atualizado nesta terça-feira (27), havia 38.927 pessoas aguardando um novo rim. Do total, 58,5% são homens, e 41,5%, mulheres.
O Ministério explica que a lista de pessoas que precisam de um novo órgão é única e vale para pacientes da rede pública e privada. A ordem é pela data do cadastro, mas também por outros critérios, como compatibilidade, gravidade do caso e tipo sanguíneo do doador.
“Esses fatores são levados em consideração para a definição de quem deve ser priorizado. Pacientes em estado crítico podem ser atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, continua a pasta.
Como Faustão já conseguiu um rim?
Pacientes que já foram submetidos a um transplante anteriormente têm prioridade na lista de espera, de adoro com o nefrologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) José Osmar Medina Pestana, diretor do Hospital do Rim, também no estado paulista.
Há seis meses, o apresentado foi submetido a um transplante de coração no mesmo local, devido a um quadro de insuficiência cardíaca grave. Um artigo de revisão publicado em 2021 no American Journal of Kidney Diseases pelo diretor-executivo do Programa de Transplante do Hospital Adventista Centura Porter, nos Estados Unidos, Alexander Wiseman. Na análise, ele escreve que o quadro de doença renal crônica é considerado “uma apresentação clínica comum, afetando de 10% a 20% dos receptores de transplante de fígado, coração e pulmão e representando aproximadamente 5% da lista de espera para transplante de rim”, como foi o caso de Faustão.
Especialistas ouvidos pelo GLOBO explicam que o principal fator por trás dessa relação entre um novo órgão e uma possível disfunção renal é o uso de medicamentos imunossupressores para atenuar a atividade do sistema imunológico e, com isso, inibir a rejeição do organismo ao transplante. Isso porque, embora indispensáveis, os fármacos são considerados nefrotóxicos, ou seja, têm potencial de causar lesão nos rins.
Embora, no geral, o paciente seja inserido na ordem cronológica, ou seja, pela data da indicação para o recebimento do novo órgão, fatores como a gravidade do caso tornam o caso “prioridade”, o que faz com que o indivíduo vá para o início da fila.
Além disso, fatores como a idade e a tipagem do sangue, que no caso de Faustão é o B, influenciam, já que o doador precisa ter o mesmo tipo sanguíneo do paciente.