A Igreja Matriz, a nossa bicentenária, é o mais importante patrimônio histórico de Guaratuba em termos de arquitetura do período colonial do Brasil.
É a única construção que está preservada e que mantém as características dessa época. Construída entre os anos de 1768 e 1771 é o maior e mais importante monumento histórico da cidade, “testemunha” do progresso e do crescimento do município, das choupanas cobertas de palhas do início da colonização, aos modernos prédios, casas e mansões de hoje.
Afonso Botelho, colonizador e fundador, enfrentou muitas dificuldades para realizar a obra e somente depois de muitas negociações com os moradores e, principalmente, com Antônio de Souza, que possuía bons recursos financeiros, é que a construção da matriz avançou.
Concluída em 1771, foi benta no dia 28 de abril e no dia seguinte celebrada a primeira missa, parte das celebrações da fundação do município. A Matriz tem como protetora espiritual (padroeira) Nossa Senhora do Bom Sucesso, e, possivelmente, foi entronizada com este título desde o término da obra e consagrada na primeira missa.
A construção da Matriz e também a “arruação” da “Villa” foram orientadas pelo sargento Francisco Teixeira de Carvalho, que também participou da construção da fortaleza na Ilha do Mel. Moradores, que eram pagos com farinha de mandioca pelo serviço prestado, e os poucos escravos, foram o efetivo de “mão de obra” na empreita.
A princípio a igreja foi construída sem forro e assoalho, o que facilitava uma prática muito comum nesta época que era de enterrar os mortos no interior da Igreja. Havia uma taxa a ser paga para realizar o enterro dentro da Matriz no valor de 320, 640 e 1.280 réis; quanto mais próximo do altar mais alta era a taxa. Os que não tinham condições de pagar eram sepultados do lado de fora, no terreno à direita da matriz. Esta prática ocorreu até o ano de 1857, quando foi construído um cemitério próximo a Baía.
Posteriormente a igreja ganhou um assoalho, conforme relatado no livro de Joaquim Mafra.
“Decorridos 17 anos da visita paroquial do Reverendo João Ferreira de Oliveira Bueno, o Conselho em reunião de 20 de dezembro de 1796, resolveu dar cumprimento à determinação daquele sacerdote e assim consultaram o Juiz e demais Oficiais para assoalhar o Corpo da Igreja Matriz desta Vila, para o que convocaram o Reverendo Vigário e todas as demais pessoas republicanas, e assim mais 38 moradores, todos os quais uniformes e de comum parecer, convieram que se fizesse a dita obra, para o que fez o Juiz apelo ao povo para tábuas e madeira, e as pessoas de mais posses prometeram voluntariamente as suas esmolas para se pagar os carpinteiros”. Texto do livro História de Guaratuba de Joaquim Mafra.