Tratamento do TOC através da colocação de microchip no cérebro é realizada em Santa Catarina

Redação Litorânea
Foto: Wuilker Knoner Campos/ Arquivo pessoal

Um hospital em Florianópolis realizou, pela primeira vez em Santa Catarina, uma intervenção cirúrgica destinada ao tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) através da implantação de um microchip cerebral.

O neurocirurgião responsável pelo procedimento, Wuilker Knoner Campos, destaca a importância desse avanço. A cirurgia é recomendada para pacientes encaminhados por psiquiatras que não apresentaram resposta aos tratamentos convencionais.

Além de ocupar a posição de presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Campos esclarece que o TOC é uma condição psiquiátrica caracterizada por pensamentos intrusivos e repetitivos, além de comportamentos compulsivos. A cirurgia emprega a técnica de estimulação cerebral profunda, conhecida como Deep Brain Stimulation em inglês, e opera por estereotaxia. Esta última é uma ferramenta que possibilita o direcionamento do microchip (ou eletrodo) até o alvo por meio de coordenadas, assemelhando-se a um sistema de GPS.

O ponto focal do procedimento é o giro do cíngulo, uma área presente nos dois hemisférios cerebrais, desempenhando um papel fundamental na modulação das emoções e pensamentos. Esta técnica também é empregada no tratamento de outras condições, tais como epilepsia, Parkinson, depressão e transtorno de agressividade.

Adotado em outros países do mundo, no Brasil, o procedimento já havia sido realizado em São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul, conforme Wuilker. Em Santa Catariana, foi feito no hospital SOS Cárdio, no final de dezembro.

Microchip é usado para ajustar as correntes elétricas do neurônios — Foto: Wuilker Knoner Campos/Arquivo Pessoal
Microchip é usado para ajustar as correntes elétricas do neurônios — Foto: Wuilker Knoner Campos/Arquivo Pessoal

De acordo com o médico, os procedimentos têm mostrado resultados promissores, que aparecem de médio a longo prazo.

O TOC é uma condição psiquiátrica caracterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclui o TOC na lista das dez condições mais incapacitantes. Ou seja, ela causa dificuldade ao portador no desempenho das tarefas da vida diária e das atividades laborais.

Um exame clínico é feito para descobrir se a pessoa tem a doença. É feita uma análise dos comportamentos – o quanto é repetitivo: vezes, horas e dias. Não existe relação entre trauma e TOC. Geralmente há picos de incidência na infância e pré-adolescência, que vai até os 25 anos, em média, mas também há diagnóstico com início tardio, entre 40 e 50 anos.

Situações mais comuns em crianças:

  • Gostam de comer tudo separado, onde a comida não pode se misturar (normal até os seis anos, depois pode indicar TOC);
  • Dormir sempre do mesmo jeito, na mesma posição;
  • Organização dos brinquedos sempre a mesma, com uma certa ordem;
  • Ler e reler várias vezes, ou escrever, apagar e reescrever várias vezes;
  • Arrumar o material escolar de forma simétrica;
  • Não querer usar o banheiro da escola.

Situações mais comuns em adultos:

  • Limpeza excessiva e repetitiva;
  • Organização excessiva;
  • Pensamentos que causam incômodo.
FONTES: g1 SC e NSC
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