No último dia 07 de janeiro enquanto realizava atividade de mergulho livre com um grupo de turistas junto aos costões rochosos da praia de Caieiras, em Guaratuba, no litoral paranaense, o professor e pesquisador do Instituto Guaju, MsC. Fabiano Cecilio da Silva se deparou com uma fauna marinha que logo lhe chamou a atenção.
Observou fixado a uma pedra, um mexilhão com características diferentes das espécies costumeiramente encontradas na região costeira e estuarina, que possuía a borda de suas valvas (conchas) num tom esverdeado que de fato precisava ser investigado. Após a conclusão da atividade de mergulho, Fabiano retomou sua inquietude de pesquisador e voltou ao ponto submerso onde havia encontrado aquele exemplar.
Diante da inusitada descoberta, decidiu realizar registros fotográficos com o apoio do pesquisador Edgar Fernandez, e levou a espécie para melhores análises. Ao pesquisar e, posteriormente, entrar em contato com um especialista em malacologia, sua suspeita foi confirmada: trata-se do “Mexilhão Verde” (Perna Viridis), que tem origem no continente asiático.
A espécie tem recebido muita atenção nas áreas de pesquisa de ecologia entremarés, aquicultura, monitoramento de poluição, bioincrustação, zoogeografia e biologia de invasões. Para o pesquisador Fabiano Cecilio encontrar a espécie em nosso estuário é motivo de muita preocupação, uma vez que ela é exótica e pode ter chegado ao litoral paranaense através de água de lastro de navios mercantes estrangeiros.
O mexilhão verde P. viridis é uma espécie notável, pois tem a capacidade de atingir níveis de biomassa muito elevados, de resistir a flutuações ambientais, de concentrar uma variedade de poluentes ambientais orgânicos e inorgânicos, de colonizar habitats marinhos artificiais e de invadir novos territórios geográficos.
A preocupação aumenta ainda mais quando levamos em consideração sua notável capacidade de adaptação a ambientes marinhos variados, tendo longa duração larval, rápida taxa de crescimento, alta fecundidade, maturidade precoce, alta produtividade e capacidade de resistir a condições ambientais flutuantes (temperatura, salinidade, turbidez da água e poluentes).
O instituto Guaju já entrou em contato com pesquisadores interessados em apoiá-los na pesquisa para entender a dinâmica populacional na região e está entrando em contato com os produtores de ostras da Aguamar – Associação Guaratubana de Maricultores para averiguação das áreas de cultivo de nossa região, buscando entender se o mexilhão verde já está sendo encontrado em outros pontos da Baía de Guaratuba.
O alerta à população é para que “não consuma” o mexilhão, pois ele precisa ser melhor estudado, uma vez que a espécie pode acumular toxinas que fazem mal à saúde humana. No caso do Balneário de Caieiras, o pesquisador, voluntariamente, está retirando os exemplares encontrados para minimizar os impactos desta bioinvasão neste ambiente tão sensível e importante para a vida marinha da região.