A venda consignada é uma das várias formas de vender um veículo no mercado. A prática acontece quando o proprietário propõe a venda por intermédio de uma concessionária ou loja, mas sem a necessidade de transferir a propriedade do bem.
Consequentemente, o estabelecimento é responsável pela tarefa de vender o veículo dentro do prazo estipulado na negociação. Em resumo, a consignação de carros é basicamente um procedimento onde o consignante (dono do carro) deixa o carro com o consignatário (concessionária revendedora) para realizar a venda.
O caso de Faccio é semelhante ao de inúmeras vítimas. Todas estão fazendo Boletim de Ocorrência (B.O.). “Passaram uma proposta dizendo que havia alguém interessado eu acreditei. A história é que o comprador ia pagar com o dinheiro de seguradora, que me dariam R$ 41 mil na Kangoo, sendo R$ 10 mil de sinal e o restante em 20 dias, após a vistoria da seguradora”, relata Faccio. “Só que já passou a data dos 20 dias e não me pagaram”.
Mesma coisa com o vendedor Guilherme Henrique Albach, 32 anos. Ele conta que foi um dos primeiros a perceber que algo estava errado. “Pelo que eu sei, sou a primeira vítima ou a primeira pessoa a correr atrás de tudo. Quando eu vi que meu carro já tinha sido vendido, transferido, eu entrei em contato com a loja e comecei a cobrar. Fui na loja umas três a quatro vezes, não achei o dono lá. Depois, por mensagem, ele disse que o vendedor dele tinha roubado. Aí, começou a novela”, relata Albach, que acionou todos os meios para reclamar da loja, desde o B.O. até a reclamação em toda a internet. Outras vítimas foram aparecendo.
Albach descreve, basicamente, a mesma história, dando sinais de que o tipo de negociação era corriqueira. “Disse que o dinheiro vinha de consórcio, que iria dar R$ 10 mil de sinal para eu me tranquilizar, que o resto pagaria em 20 dias. Mas nunca pagou.
Outros clientes que ainda não tiveram o carro transferido para outra pessoa também reclamam. “Mesma coisa. Coloquei meu carro anunciado na OLX. Uma vendedora da loja entrou em contato comigo dizendo que tinha um comprador para o carro e eu fui lá. Disseram que o cliente gostou. Fomos no cartório, fizemos o contrato, ele me transferiu R$ 5 mil e ficou faltando R$ 30 mil pelo meu Prisma. A vantagem que eu tenho é que o carro continua no meu nome”, conta o empresário Norberto Flor de Lara, 30 anos.
Na sexta-feira (08), segundo o relato das vítimas, a loja FCar foi encontrada fechada.
Polícia orienta pesquisa
Em casos como este, a orientação é para que procurarem a Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon). André Feltes, delegado, disse que as pessoas sempre devem verificar na internet se a empresa tem algum tipo de reclamação antes de fechar o negócio.
“A gente orienta que busque em sites como o Reclame Aqui ou mesmo no Google, se possui alguma reclamação da empresa. Pesquise a idoneidade da firma. A gente está percebendo que a venda do carro consignado aumentou demais nos últimos meses e é preciso ficar atento”, completou o delegado na época.
Justificativa da FCar
A defesa da loja FCar, representada pelo advogado João Manoel Vidal de Souza, informa que a empresa passou, recentemente, por dificuldades financeiras e que está se organizando para resolver a situação. “Gostaria de informar, também, que na próxima semana iremos à delegacia prestar depoimentos e fazer boletins de ocorrência pelas ameaças que ele vem sofrendo, inclusive com arma de fogo”, diz a nota enviada à imprensa.