Uma história de sobrevivência na selva amazônica ganhou uma reviravolta sombria quando o pai de duas das quatro crianças indígenas que sobreviveram 40 dias após um acidente de avião foi acusado de abusar sexualmente da enteada mais velha. O Ministério Público da Colômbia formalizou as acusações no sábado (12), alegando que o pai abusou da enteada desde que a menor tinha 10 anos.
As crianças, Lesly (13 anos), Soleiny (9 anos), Tien Noriel (5 anos) e Cristin (1 ano), pertencentes ao povo indígena huitoto, sobreviveram à odisseia que se seguiu ao acidente de avião em 1º de maio, no qual faleceram a mãe das crianças e os outros dois ocupantes da aeronave.
O pai, identificado como Manuel Ranoque, foi detido na sexta-feira (11) e enfrenta acusações de “crimes de acesso carnal violento agravado e de atos sexuais abusivos”. Embora ele negue as acusações, permanecerá sob custódia, conforme determinado pelo Ministério Público.
A história das crianças ganhou atenção global após sua sobrevivência na selva da Colômbia, alimentando-se de um pacote de farinha de mandioca encontrado no avião acidentado e frutas silvestres. Após serem resgatadas, foram colocadas sob a custódia do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF).
Foi o ICBF que “detectou o possível abuso sexual e oficiou o Ministério Público para abrir a investigação”. Indícios anteriores levaram a suspeitas de abuso, e o governador da localidade indígena onde a família residia havia mencionado a possibilidade de abuso sexual por parte do pai.
As crianças foram tratadas em um hospital militar de Bogotá por cerca de um mês e receberam alta em meados de julho, sendo mantidas sob os cuidados do ICBF. Embora os avós maternos tenham manifestado interesse em obter a custódia das crianças, o governo colombiano tem mantido os irmãos protegidos da exposição midiática. O presidente colombiano, Gustavo Petro, anunciou a produção de um documentário sobre a história das crianças, que capturou a imaginação do público pela incrível demonstração de resiliência e sobrevivência.